O setor de alimentação fora do domicílio tenta estancar o prejuízo causado pela pandemia de coronavírus. A população tem sido orientada a não sair de casa e evitar locais com aglomerações. Com isso, diversos estabelecimento comerciais têm sentido a queda na movimentação. Somente no Grande Recife, no último fim de semana, o fluxo de clientes caiu cerca de 35% em comparação com o anterior, diz a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Pernambuco (Abrasel-PE).
O presidente local da entidade, André Araújo, conta que estão sendo feitas sugestões aos donos de restaurantes para garantir que os salões se tornem ambientes com menor aglomeração. Ele alerta ainda que é preciso conter o pânico e alega que bares e restaurantes já seguem uma forte política de segurança alimentar. "As equipes estão sendo orientadas a redobrar os cuidados que já existem, mas a principal orientação é a de separar mais as meses. A distância entre cadeiras ocupadas deve ser de 1 metro e a distância entre meses deve ser de dois metros", comenta o presidente da Abrasel-PE.
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O distanciamento das mesas deve reduzir em 1/3 a capacidade dos salões dos bares e restaurantes. Com isso, a Abrasel pede que as empresas façam um escalonamento no horário de liberação de funcionários para almoços e jantares. Ou seja, haveria uma certa rotatividade de clientes, evitando que os estabelecimentos fiquem lotados. No entanto, com a redução de consumidores, logo se pensa em cortes no quadro de funcionários.
André Araújo conta que medidas como férias coletivas ou redução da carga horária dos funcionários podem ser uma saída para evitar demissões e diminuir prejuízos financeiros às empresas. "Esse tipo de negociação deve ser feita com cada uma das categorias através dos respectivos sindicatos, porque envolve redução salarial. Mas é um momento difícil, temos que dar as mãos para evitar um aumento do desemprego", alega.
Hoje Pernambuco conta com aproximadamente 7 mil CNPJ do setor de bares e restaurantes. Desse total, cerca de 70% estão concentrados na Região Metropolitana do Recife. "Neste primeiro momento o coronavírus nos deixa mais cautelosos, mas é preciso estar atento às fake news e evitar o pânico. Com medidas simples conseguiremos passar por esse momento", ressalta André Araújo.
Em resposta à crise no setor, a estância nacional da Abrasel lançou um vídeo em que o presidente da entidade, Paulo Sulmucci, detalha cada uma das medidas pensadas pela associação para conter os prejuízos. Também foi divulgada uma cartilha com orientações sobre cuidados e precauções de higiene e condutas de relacionamento, além de informações sobre a doença, sintomas e diretrizes a serem seguidas visando a segurança dos clientes. A Abrasel ainda desenvolveu o selo Restaurante Responsável, que identifica estabelecimentos que aderiram às medidas preventivas de combate ao vírus transmissor da doença Covid-19. Confira:
A rede de restaurantes da Pizzaria Atlântico conta que neste domingo (15) já sentiu a redução no número de pessoas em seus estabelecimentos, em especial nas unidades localizadas no Recife, onde já foram registrados casos de coronavírus. A empresa estima ainda que, se esse movimento se intensificar, o fluxo deve migrar para o serviço de delivery.
Segundo o gerente de marketing da rede, Eric Pacheco, atualmente 25% do faturamento vem dos pedidos entregues nas casas dos clientes. "Se esse movimento continuar o delivery deverá significar 40% do nosso faturamento. Já nos restaurante passamos a higienizar com álcool as mesas e cadeiras após a saída de cada cliente. Antes só trocávamos as toalhas e as demais higienizações eram feitas semanalmente", argumenta Eric Pacheco.
Questionadas se já haviam registrado aumento no fluxo de pedidos, Uber Eats e iFood disseram não ter esses dados. A Uber disse que, por ser uma empresa de capital aberto, não pode comentar esse tipo de dado para anão gerar especulações, mas afirmou em nota que está "trabalhando para ajudar a manter todos os que usam a Uber em segurança", inclusive contando com a consultoria de um especialista em saúde pública para atender as demandas que surgem de cada município onde atua. Já a iFood informou que por ter lançado uma campanha promocional no início do mês, com pratos a R$ 0,99, não consegue quantificar se o aumento registrado é fruto da promoção ou reflexo do comportamento do brasileiros frente ao coronavírus.