Com estimativas até agora de perdas na casa dos 40% para as vendas do comércio por conta da pandemia do coronavírus, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) enviou ao governo do Estado uma série de propostas para reabertura de lojas no Estado. De acordo com o presidente da federação, Bernardo Peixoto, foram realizadas pesquisas com empresários do Sertão até a Região Metropolitana, sobretudo pequenos comerciantes, que vivem na incerteza de quando poderão retomar suas atividades.
Dentre as propostas que foram levadas ao conhecimento do poder estadual no último dia 20, destacam-se, ainda conforme o presidente da Fecomércio, opções como a abertura de lojas por bairro, priorizando os subúrbios, para evitar deslocamentos no transporte público, e a possibilidade de abertura de lojas de Microempreendedores Individuais (MEIs).
"O governo já está com esses dados e vendo a melhor forma possível. Fizemos um levantamento e passamos dados para o Estado poder estudar toda essa situação da melhor maneira possível. Estamos pedindo essa situação de abertura e que pelo menos o governo não coloque esse fechamento das lojas por tempo indeterminado, porque isso é muito desesperador. Quando coloca-se prazos, há parâmetro, um calendário de progressão das coisas", explica Peixoto.
Seguindo o levantamento feito pela Fecomércio, foram sugeridos por empresários e diretores ao Estado de Pernambuco abrir o comércio por bairro; abertura do comércio para empresas de MEIs, desde que não gerem deslocamento de muitas pessoas; abertura em dias alternados; abertura em horário reduzido; funcionamento das lojas com 50% do quadro de funcionários e possibilidade de abrir unidades apenas com funcionários que não precisem pegar transporte coletivo para o deslocamento e não estejam em grupos considerados de maior risco.
"Está com o Estado para ver a melhor maneira possível. Agora tem que haver coragem de dizer algo, embora depois possa se voltar atrás. A gente quer um caminho, uma luz. Se der errado, volta atrás e a gente cumpre as recomendações. O Brasil, principalmente o Nordeste, tem a maioria das pessoas trabalhando por conta própria. Ele vende hoje, apura, e no outro dia compra a alimentação dele, a movimentação é diária. Em País rico, o cara tem crédito, compra para passar dois, três meses, aqui não tem esse poderio econômico", justifica o presidente da Fecomércio.
Ainda segundo Peixoto, a Medida Provisória de R$ 600 como renda emergencial para MEIs, informais, desempregados e autônomos é assertiva, mas precisa chegar na ponta de forma rápida. " Tem que liberar logo. Com certeza vai (dar algum ânimo na economia). A previsão é de muitas pessoas beneficiadas. O montante vai chegar principalmente as pequenas empresas. Essas pessoas não saem para comprar nas grandes lojas, compram nas pequenas, então abrindo essa pequenas seria o cenário ideal. Vai depender dos estudos dos governantes, do ministério da saúde", reforça.
Desde o último dia 21 de março, Pernambuco mandou fechar shoppings, salões de beleza e correlatos, clubes sociais, bares, restaurantes, lanchonetes e comércio de praia para tentar conter o avanço coronavírus no Estado. Em seguida, a partir do dia 22 daquele mês, foram fechados todo o comércio, serviços e construção civil.
Estão liberados para funcionamento supermercados, padarias, mercadinhos, farmácias, postos de gasolina, casas de ração animal, depósitos de água mineral e gás. Além desses estabelecimentos, continuam a funcionar obras e serviços essenciais, como hospital, abastecimento de água, gás, energia e internet.
Até o início da tarde quinta-feira (2), a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) confirmou a nona morte por covid-19 no Estado e 11 novos casos foram registrados. Com a atualização, Pernambuco contabiliza 106 diagnósticos confirmados do novo coronavírus, já incluso a quantidade de óbitos. O fechamento das lojas é uma medida que vai ao encontro das recomendações da OMS e do Ministério da Saúde, que têm reforçado a necessidade do isolamento social para conter o avanço da disseminação do coronavírus.