A retomada das atividades econômicas, que aconteceria a partir desta quinta-feira (4) no município do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), não vai mais ocorrer. O cancelamento da reabertura, prevista no decreto municipal 1.905, de 28 de maio de 2020, acontece devido à recomendação nº 28/2020 do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), feita nessa quarta (3). O documento, assinado pelo procurador-geral de Justiça, Francisco Dirceu Barros, alerta que os prefeitos podem restringir ainda mais as medidas estaduais e federal relacionadas ao novo coronavírus, mas não podem relaxá-las.
A prefeitura do Cabo chegou a antecipar para os dias 1, 2 e 3 de junho os feriados de Corpus Christi (11 de junho), Santo Antônio (13 de junho) e São João (24 de junho). Para esta quinta, estava prevista a retomada de comércio e serviços como salões de beleza e restaurantes, com horário reduzido, das 10h às 18h, além do Shopping Costa Dourada, que passaria a funcionar das 12h às 20h, com salas de cinema fechadas. Na próxima sexta-feira (12), reabririam as academias de ginástica, e, no dia 15 de junho, as igrejas, com controle de público (30% da capacidade).
Permaneceriam fechados bares, casas noturnas, tabacarias, pubs, lounges, boates e similares. Em entrevista ao programa Bom Dia Pernambuco, da TV Globo, na manhã desta quinta, o prefeito do município, Lula Cabral, afirmou que foi surpreendido pela recomendação na noite dessa quarta, mas que seguirá o plano de convivência com a covid-19 estadual, como recomendado pelo MPPE. Segundo Lula, caso o governador Paulo Câmara decida flexibilizar as regras, a cidade está pronta para reabrir o comércio.
"Eu creio que o governador ainda pode flexibilizar e autorizar aquelas cidades que se prepararam, como é Cabo de Santo Agostinho. Estamos preparados, entregamos dois hospitais, colocamos profissionais de saúde, higienizamos as ruas, colocamos lavatórios. Estamos preparados para reabrir o comércio", completou o prefeito. Ele conta que a reabertura do shopping se daria de acordo com as normas de distanciamento social e restrição do fluxo de pessoas. "É um open mall, não é um shopping fechado. É um shopping que você pode circular livremente, o ar circulando", disse Lula Cabral.
Nessa quarta, o presidente da Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce), Paulo Carneiro, avaliou o protocolo adotado pelo governo como "muito conservador". Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, Carneiro afirmou que o setor chegou a ter diálogos com diversas secretarias, como a da Fazenda e do Desenvolvimento Econômico, mas que as sugestões foram apenas ouvidas, mas não acatadas. Agora, o setor quer reabrir o diálogo com o governo para antecipar o calendário.
Ele defendeu a abertura parcial dos shoppings, com segurança. Segundo o presidente, estima-se que 15% a 20% dos lojistas de shoppings não vão reabrir, devido à falta de recursos. "Eu acho que o diálogo precisa ampliar. Tem que ser duas vias, não é somente ouvidos. Tem que ser ouvido e voz. Mas vamos retomar esse diálogo, acreditamos que o governador Paulo Câmara deve estar muito preocupado com a questão do desemprego", finalizou.
Entre as sugestões da Apesce estavam a antecipação da reabertura dos shoppings de Pernambuco, ou, pelo menos, que o sistema drive thru, em que a pessoa faz a compra por algum canal de venda, seja internet ou WhatsApp, e apenas vai ao local buscar o produto, sem descer do carro, ocorresse antes do dia 15 de junho, sobretudo para aproveitar as vendas do Dia dos Namorados. Na data, está prevista, segundo o plano do governo, que comece a ocorrer o serviço de retirada em shopping centers, centros comerciais e praças de alimentação, com funcionamento das 12h às 18h.