Brasil à beira da recessão técnica

Publicado em 15/08/2020 às 6:00


No segundo trimestre deste ano, o País registrou a maior queda na economia desde 2003, início da série histórica do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). A redução de 11% na comparação com o trimestre anterior foi divulgada ontem (14).

O indicador é uma espécie de prévia do PIB oficial, que só será divulgado pelo IBGE em 1º de setembro. Se a queda for comprovada, mesmo que em menos magnitude, o País terá entrado em recessão técnica, quando há dois trimestres consecutivos de contração.

O PIB caiu 1,5% no primeiro trimestre, pouco menos que o dado medido pelo IBC-Br para o período: redução de 2%. Nos três primeiros meses do ano, o resultado da prévia do PIB foi influenciado principalmente pela queda de março, de 6,1%.

Já a queda recorde do segundo trimestre foi puxada por um tombo histórico em abril, que chegou a 9,6%. Essa redução foi seguida de dois números positivos em maio, de 1,6% e junho, de 4,9%, que, no entanto, não foram suficientes para compensar o tombo.

Segundo o economista sênior do banco BMG, Gilmar Alves, a recessão era algo já esperado pelo mercado, que agora se preocupa com as medidas do pós-pandemia, como a manutenção do teto de gastos e a situação do auxílio emergencial, que ressalta, é meritório se bem focalizado.

As comparações dos índices atuais com 2019 mostram que, apesar do início da recuperação, os níveis ainda estão abaixo do que no período anterior à crise. Quando se compara o resultado de junho com o mesmo mês de 2019, a queda é de 7%.

Na comparação do segundo trimestre com o mesmo período do ano passado, a queda é de 12%. No ano, a atividade econômica reduziu 6,3%.

O resultado de junho reflete os números da produção industrial e do setor de serviços. A indústria registrou um avanço de 8,9%, segundo mês consecutivo de resultados positivos. Já nos serviços, junho foi o primeiro mês positivo depois de quatro meses de queda.

O resultado do IBC-Br do mês veio um pouco abaixo das projeções do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), que esperava um crescimento de 5,3% em relação a maio deste ano e uma queda de 6,8% na comparação com junho de 2019.

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