Mesmo com o movimento mais intenso nos últimos dias, o comércio de rua do Centro do Recife já revê as expectativas e não espera alcançar o mesmo volume de vendas das festas de fim de ano de 2019. Natal e Ano Novo trouxeram ano passado um incremento entre 6% e 7% no período. Em novembro de 2020, trabalhava-se com a hipótese de alcançar esse mesmo resultado, mas o recrudescimento dos casos de covid-19 - restringindo as festas; a redução do auxílio emergencial e, no apagar das luzes de 2020, a greve dos motoristas de ônibus pesaram contra o otimismo. Só pela falta de ônibus estima-se uma movimentação 70% menor no Centro da cidade.
De acordo com o diretor executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife e próximo presidente da CDL-Recife no triênio 2021-2023, Fred Leal, a cadeia econômica como um todo acaba sendo impactada com restrições maiores em função da covid-19 neste fim de ano. "Estamos num movimento de tentar minimizar o prejuízo. Esperávamos conseguir vender pelo menos o mesmo que em 2019, mas não vamos mais conseguir isso. Está complicado", diz ele.
No último dia sete de dezembro, o governo do Estado proibiu a realização de festas de Natal e Ano Novo. Sem grandes eventos e reduzindo as comemorações a poucas pessoas da família, a tendência é de que as pessoas tenham menos necessidade de comprar itens como roupas e sapatos, por exemplo, impactando diretamente o desempenho do comércio nesta época do ano.
Ainda assim, há uma movimentação mais intensa nas ruas onde se concentram os estabelecimentos comerciais no Centro do Recife. Em relação aos demais meses de 2020, embora ainda não haja números fechados, a percepção de melhora, mas não o suficiente para alcançar resultados vistos no pré-pandemia.
"Ainda há uma situação muito preocupante em relação à renda das pessoas, assim como incerteza sobre essa doença (covid-19) e os impactos que as medidas para contenção ainda causam em toda a cadeia econômica. Ainda por cima temos agora a greve dos ônibus, o que é péssimo. Cerca de 70% de quem vai comprar no Centro vai de ônibus", complementa Leal.
Já no Agreste do Estado, mais precisamente nas cidades do Polo Têxtil, a demanda seguiu aquecida durante a pandemia e traz boas vendas aos comerciantes neste fim de ano. Segundo o presidente da CDL de Santa Cruz do Capibaribe, Bruno Bezerra, a maior preocupação dos lojistas foi dar conta dos pedidos frente a falta de insumos e mão de obra. No último fim de semana antes do Natal, a movimentação registrada foi intensa, dentro da expectativa para o período.
"Ainda não fechamos nenhum dado para este mês. Fizemos sondagens ao longo de novembro e o que estamos vendo está dentro das nossas expectativas. O problema que tivemos por aqui foi da falta de insumos e de mão de obra, o que com que lojistas até ficassem sem vender por isso. Ficamos abertos enquanto regiões como São Paulo, Fortaleza e Goiânia estiveram fechadas, então demanda teve e tem. A grande questão para além do fechamento deste ano são as incertezas de 2021", diz Bezerra.
Nas vésperas das festas de fim de ano, os feirantes do Parque 18 de Maio, em Caruaru, comemoram a boa movimentação na Sulanca no domingo (20) e na segunda-feira (21). Segundo a Associação dos Sulanqueiros da cidade, a estimativa é de que 100 mil clientes, cerca de 250 vans e ônibus e mais de 10 mil vendedores participem da feira por dia durante o mês de dezembro. As últimas vendas de 2020 no Parque 18 de Maio acontecem na próxima semana, com funcionamento das 4h às 13h no domingo e na segunda-feira.
o comércio pernambucano tem elevada importância para o funcionamento da economia local. De maneira formal, são empregadas mais de 320 mil pessoas, o que representa aproximadamente 19% de todos os empregos do Estado. Mais de R$ 6 bilhões de reais anualmente são injetados através de pagamento de salários e outras remunerações, além da contribuição de quase 15% de toda a arrecadação do ICMS estadual.
Conforme a última pesquisa da Fecomércio-PE, 57,9% dos pernambucanos pretendem comemorar as festas de fim de ano. Essas pessoas pretendem consumir majoritariamente “roupas, acessórios para vestuários ou calçados” (23,3%), “perfumes e cosméticos” (13,0%) e os “destilados e outras bebidas alcoólicas”, (5,8%), gastando em sua maioria até R$ 150.