Em meio à pandemia da covid-19, a demanda por financiamentos imobiliários bateu recordes históricos no ano de 2020. No último mês do ano, os financiamentos com recursos das cadernetas do Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$ 17,47 bilhões - maior volume nominal mensal registrado desde julho de 1994 (quando foi lançado o Plano Real). O montante avançou 101% sobre o mesmo período do ano passado e contribuiu para outro marco histórico: R$ 123,97 bilhões financiados no ano. Isso representa alta de 58% sobre 2019 e é o melhor resultado desde o ano de 2014.
Em Pernambuco, os gráficos da Abecip indicam uma variação de 62% no volume de financiamentos. No caso da construção, a alta em relação à 2019 foi de 120%. Enquanto no universo apenas da aquisição de imóveis o movimento foi positivo, subindo 61%.
De acordo com a Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o mercado foi ajudado pelo até então movimento de redução da taxa de juros e maior captação da poupança, além da competitividade de retorno do aluguel, que está em torno de 4,7%, mais alto que aplicações na renda fixa, e o próprio déficit habitacional.
"Juntando novos empreendimentos e consumidor final (construção), em todos os meses, inclusive no segundo trimestre (período de 2020 mais crítico em função da pandemia) todos os meses tiveram crescimento em relação ao mesmo período de 2019. Em dezembro tivemos a maior produção em único mês, chegando a R$ 17,5 bilhões e um único mês", avalia a presidente da Abecip, Cristiane Portella.
No ano de 2020, a poupança - principal funding - teve captação líquida de R$ 125,4 bilhões, recorde na série histórica iniciada em 1994, influenciada pela redução do consumo das famílias em função do isolamento social, necessidade de guardar recursos em meio às incertezas e pagamento do auxílio emergencial através de contas poupança. A captação líquida foi positiva em nove dos doze meses de 2020 e, acrescida do crédito de rendimentos, elevou o saldo de dezembro para R$ 801,4 bilhões, com
crescimento mensal de 2,2% e anual de 21,9%.
Os financiamentos também seguiram a trajetória de resultados históricos. No início do ano de 2020, a previsão mais otimista dava conta de um crescimento na casa dos 30%. O resultado veio acima do esperado (57,5%), indo de R$ 78,7 bilhões em 2019 para R$ 123,97 bilhões em 2020. Em unidades, foram 426,8 mil unidades financiadas com recursos da poupança, resultado 43,2% superior ao de 2019 (298 mil unidades).
No desagregado, R$ 93,9 bilhões dos recursos foram destinados para aquisição de imóveis, tanto comerciais como residenciais. Os outros R$ 30 bilhões foram direcionados para construção.
A Caixa Econômica Federal foi o banco responsável pelo maior número de contratações. Em 2020, o banco correspondeu a um total de R$ 53,7 bilhões em financiamentos para aquisição e construção (183,7 mil unidades). O Bradesco aparece em seguida, com R$ 24,5 bilhões e 85,2 mil unidades. O terceiro banco é o Itaú, com R$ 23,3 bilhões financiados e 78,8 mil unidades. O Santander chegou a R$ 15,5 bilhões (53 mil unidades) e o Banco do Brasil, R$ 3,6 bilhões (13,9 mil unidades).
A expectativa da Abecip é de que neste ano, o mercado permaneça aquecido, com crescimento previsto de 27% no volume financiado via SBPE.