Os industriais pernambucanos sentiram os impactos da segunda onda da covid-19 em Pernambuco, que chegou forte, com a escalada no número de casos da doença e esgotamento da capacidade das UTIs nas redes pública e privada. A constatação está no Índice de Confiança do Empresário Industrial de Pernambuco (ICEI-PE), que voltou a cair depois de apontar melhora com a retomada da atividade econômica, na metade do ano passado.
Realizado pela Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), o ICEI apresentou uma queda brusca de 8,9 pontos, de fevereiro para março deste ano, alcançando 52,6 pontos (de um valor máximo de 100). O gerente de Relações Industriais da Fiepe, Maurício Laranjeira, explica que o indicador é um termômetro da atividade produtiva e foi influenciado pelas conjunturas econômicas e sanitárias do País.
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"O ritmo lento da vacinação somado às recentes restrições das atividades (o governo do Estado decretou lockdown de 18 a 28 de março) geraram uma certa instabilidade no mercado, alterando as perspectivas de melhorias que se tinham para o começo deste ano", lamenta. Mesmo com a queda, o ICEI permanece positivo, mas muito próximo do limite de referência usado pela pesquisa, porque abaixo de 50 pontos o índice é considerado negativo.
Com esse ICEI de 52,6 pontos, o resultado do Estado ficou abaixo dos alcançados pelo Brasil e pelo Nordeste, que pontuaram 54,4 pontos e 52,7 pontos, respectivamente. Em fevereiro de 2021, esse quadro era bem diferente e manteve Pernambuco na liderança, com 61,5 pontos, a frente do Brasil e do Nordeste, que estavam com 59,5 pontos e 60, 4 pontos.
Laranjeira destacou, ainda, que o resultado final do ICEI deste mês foi puxado pelo índice de Condições Atuais, que apresentou forte recuo de 10,3 pontos, chegando a 45,5 pontos na passagem de fevereiro para março. Este índice reflete a percepção dos empresários locais com relação às condições correntes dos negócios, que, atualmente, está cada vez mais distante dos patamares no começo da pandemia, quando sinalizava 53, pontos em março de 2020.
Os empresários da indústria seguem otimistas com relação aos próximos seis meses, mas houve reavaliação das expectativas, que se tornaram menos positivas. O índice de Expectativas obteve um recuo de 7,6 pontos na passagem do mês, atingindo 56,8 pontos. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o comportamento deste índice estava maior, com 61,8 pontos.
EXPECTATIVA
A queda no ICEI reforma pesquisa recente realizada pela Fiepe com os industriais sobre um ano da pandemia, que reforça o clima de incerteza. O levantamento revela que 37,3% das empresas ainda vão sofrer com queda de faturamento e outras 48,5% vão se manter estagnados, enquanto apenas 14,2% acreditam numa recuperação em curto prazo.
Para os industriais, a recuperação só virá com adoção de medidas como a vacinação em massa, a aprovação da reforma tributária, os programas de recuperação fiscal em níveis federal e estadual e as políticas de fortalecimento do setor industrial, por ordem de prioridade. Todas essas prioridades recaem na manutenção dos postos de trabalho. Dos empresários entrevistados, quase a metade (46,27%) precisou fazer demissões para manter seus negócios funcionando e 67,2% deles ainda não conseguiram recontratar novos funcionários