O Brasil inteiro está discutindo a final do programa Big Brother Brasil, que mostrou um sotaque pernambucano, com Gil do Vigor, que é doutorando em economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e que passou em três PHDs nos Estados Unidos enquanto estava confinado - e expressões usadas no Estado da Paraíba ditas pela advogada e maquiadora Juliette Freire que conquistou 21 milhões de seguidores numa rede social durante o programa. Alguns passam pelo BBB e fazem do programa um pulo para a sua carreira ou para empreender. Especialista em gestão da qualidade e produtividade e professor da Unit no Recife Werson Kaval diz que o BBB é um grande laboratório, mostrando que "a sociedade tem um culto grande a imagem e que os participantes do BBB constroem uma marca pessoal conectada as suas vocações naturais".
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O professor diz que atualmente existe uma profissão chamda personal branding que indica os passos para as pessoas melhorarem as suas marcas pessoais. "O personal branding é muito usado pelos influencers e passa por diversas temáticas, indo desde o modo de se vestir até o conteúdo que essas pessoas querem levar ao mercado".
E continua: "É o caso da Juliette que foi empreendedora dela mesma. O fato dela pentear a sobrancelha com uma escova de dente fez a Avon se juntar com a Oral B pra desenvolver uma escova parecida. Ela também mostrou a preferência por um tipo de smartphone, que esgotou na semana seguinte". Na opinião dele, os influencers que vão construindo uma marca própria "terminam contagiando as pessoas que sabemos que não são iguais pelas diferenças que elas têm". Ainda com relação à Juliette, o professor lembra que até a cantora Anitta disse que a paraibana tem todas as características de uma grande cantora e que poderia ajudá-la.
Mas o que faz alguns BBB se projetarem tanto ? "Eles já ganharam o palco, que é o que a maioria das pessoas querem. É um palco com risco, porque eles estão mostrando as suas qualidades e defeitos", conta Werson. Daí em diante para empreender, eles terão que traçar um roteiro parecido com as demais pessoas, na opinião do professor. "Como todo empreendedor, as pessoas têm que se autoconhecerem para saber o que têm de melhor, o que podem agregar valor. Isso se adequa a qualquer pessoa. Por exemplo, Gil poderia ser aproveitado nessa área de entretenimento, embora ele já tenha dito que deseja seguir a carreira acadêmica". No mestrado, concluído em 2019, Gil apresentou uma teste intitulada "Mercado de Drogas e Violência: Efeitos da Intervenção Governamental sobre a Violência gerada pelos Mercados de Drogas". E, na graduação concluída em 2016, o Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) foi "Análise sobre a Convergência de Renda entre os municípios do Estado de Pernambuco entre 1999 e 2012.
Werson cita o planejamento como básico para empreender. "A pessoa também precisa aprender a correr risco calculado, buscar o máximo de informações. E olhar no seu entorno, ver o que está faltando, porque o que falta pra você, falta para os outros. Por exemplo, se nas redondezas da sua casa falta uma xerox, um lugar pra vender papelaria. Pode ser bom abrir algo deste tipo. O empreendedorismo inteligente é aquele que percebe as necessidades do seu entorno e bairro. As pessoas só compram o que resolve problema", comenta.
Ele também sugere que o empreendedor use as redes sociais para validar o Produto Mínimo Viável (PMV), que é o primeiro produto, donovo negócio. "Tudo vende, mas precisa ver como é a segunda vez. Prestar atenção nas oportunidades. Pensar em fazer parcerias pra ter uma logística boa. Tudo é questão de planejamento", define.
Werson também cita uma frase do psicológo David McClelland: "O que faz a diferença entre o fracasso e o sucesso é o que as pessoas fazem com os recursos que elas têm. Este psicólogo virou referência na definição de características de personalidades de empreendedores que até hoje é usado por orgãos como o Sebrae.
David definiu pelo menos 10 características comuns aos grandes empreendedores: buscar informações, estabelecer metas, fazer planejamento e monitorar sistematicamente, buscar oportunidades, ter persistência, correr risco calculado, exigir qualidade e eficiência, comprometimento, persuasão e rede de contatos, independência e autoconfiança.