Os brasileiros vão ter mais uma marca de canabidiol - o derivado medicinal da maconha - nas farmácias. Formada por sócios brasileiros e americanos, a companhia Nunature vai às prateleiras em dois formatos a partir de meados de julho. Atualmente, só uma empresa, a Prati-Donaduzzi tinha autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pra ofertar três produtos deste tipo de produto nas drogarias do País. Ele é indicado no tratamento de pacientes com dor crônica, epilepsia crônica, ansiedade crônica e depressão. Muitas pessoas já entraram até na Justiça para garantir este tipo de tratamento no Brasil.
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"Vai facilitar o acesso ao produto. Às vezes, as pessoas esperam mais de 30 dias para o produto chegar ao Brasil. A nossa expectativa é de reverter o mercado de compras no mercado paralelo que não dá garantia que seja de fato canabidiol. No nosso caso, a empresa garante a qualidade desde a genética da semente", resume o vice-presidente de Logística e Distribuição do Brasil da Nunature, Bruno Sant Ana. A empresa investe neste projeto há dois anos.
A intenção da empresa é comercializar até um milhão de unidades por mês num prazo de até três semestres, de acordo com o vice-presidente de Vendas e Marketing da Nunature, Christopher Cowart. Há uma estimativa de que 60 milhões de brasileiros possam usar o canabidiol dentro das prescrições autorizadas pela Anvisa.
A empresa vai oferecer o produto em dois formatos: o Canabidiol Nunature 17,18mg/mL com 500 mg e o Canabidiol Nunature 34,36mg/mL com mil mg que devem custar, respectivamente, R$ 520 e R$ 840. "Nos associamos com pessoas que já tem experiência nesse mercado e foram os precursores desse movimento nos Estados Unidos", comenta o vice-presidente de Operações da Nunature no Brasil, Jorge Felipe Lara.
A empresa cultiva a planta no Estado do Colorado, nos Estados Unidos. "Ainda não é permitido o plantio no Brasil", afirma Jorge. A Nunature é formada pela Nunature Farms e Labs , ambas americanas, Nunature do Brasil e Nunature Distribuidora do Brasil Ltda. As duas últimas pertencem aos sócios brasileiros. Todos os entrevistados nesta matéria são sócios fundadores do empreendimento e parceiros.
A Nunature também pretende fazer investimentos junto às universidades e municípios para desenvolver estudos clínicos e gerar material científico que possa ser usado pela comunidade médica e cientistas. "Estamos apenas no começo", diz Christopher Cowart, que concedeu a entrevista, por uma chamada de zoom, dentro de um carro, enquanto se deslocava na cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos. A sede da parceira americana fica no Estado da Flórida. No Brasil, a sede administrativa da companhia fica em Brasília e a central de distribuição dos remédios fica na cidade de São João do Miriti, no Rio de Janeiro. Os diretores da Nunature não revelaram o valor do investimento realizado por ser "confidencial".
O primeiro canabidiol a ficar disponível nas farmácias foi o da Prati Donaduzzi que recebeu a autorização da Anvisa em 22 de abril do ano passado, com uma concentração de 200 mg/ml. Mais recentemente, outros dois produtos disponibilizados pela mesma companhia entraram no mercado, como as concentrações de 20 mg/ml e 50 mg/ml. Segundo informações da empresa, os valores dos produtos variam conforme a concentração com opções a partir de R$ 276,00 para o consumidor.
Os produtos citados nesta reportagem só podem ser usados se forem prescritos por um médico. Ainda de acordo com a empresa, os produtos oferecidos não são medicamentos e seguem uma norma da Anvisa chamada RDc 327/2019, que criou uma nova categoria de produtos no Brasil, os produtos de Cannabis".
A Prati Donaduzzi tem um medicamento que está em estudo clínico em uma parceria público-privada entre a indústria farmacêutica e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo. Localizada na cidade de Toledo, no Paraná, a Prati Donaduzzi importa a matéria-prima da Europa.
Os produtos das duas empresas citadas nesta matéria são fabricados no exterior, distribuídos no Brasil e não podem ser chamados de medicamentos. São produtos a base de canabidiol derivados de Cannabis (maconha). E as pessoas físicas, que importam o produto do exterior, também devem ter o cadastro aprovado na Anvisa para realizar essa importação.