INFRAESTRUTURA

Quase metade da bancada federal de Pernambuco já assinou carta pedindo explicações sobre a Transnordestina ao ministro da infraestrutura

Onze parlamentares já assinaram a carta pedindo para o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, explicar por que não vai ser construído o ramal da Transnordestina que vai para Suape

Cadastrado por

Angela Fernanda Belfort

Publicado em 05/08/2021 às 15:53 | Atualizado em 05/08/2021 às 15:55
Parlamentares querem que seja construído o ramal da Transnordestina que vai para o Porto de Suape - DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM

Onze dos 25 deputados federais por Pernambuco já assinaram uma carta da bancada pedindo ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, explique por que o governo federal aceitou a decisão da empresa Transnordestina Logística S.A. (TLSA) de fazer somente o ramal cearense da Ferrovia Transnordeste, que deveria ligar a cidade de Eliseu Martins, no Sul do Piauí, aos portos de Pecém, no Ceará, e ao de Suape, no Grande Recife. A intenção da bancada é também fazer uma carta ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) pedindo para que seja feito também o trecho pernambucano do empreendimento. 

>> Transnordestina: depois de 15 anos e R$ 6,4 bilhões empregados, a obra continua inacabada. Entenda a história da ferrovia

O documento diz  que "essa luta é de todos os pernambucanos que poderiam ter preços de gás de cozinha, combustíveis e de mais mercadorias barateadas com o uso do transporte ferroviário para o interior do Estado, sem contar com o fôlego que setores estratégicos, como o polo gesseiro e o de fruticultura irrigada, ganhariam com mais essa opção para o escoamento da produção". 

Há mais de duas semanas, o ministro Tarcísio revelou, numa live do Valor Econômico, que seria construído apenas o ramal cearense da ferrovia. Desde então, os políticos que representam Pernambuco têm feito uma articulação para pressionar o governo federal a não aceitar a decisão da empresa que está à frente das obras. 

A empresa TLSA é privada, ligada ao grupo empresarial da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), mas é uma concessão do governo federal. Com 1753 km de extensão, a Transnordestina está em obras desde 2006 e praticamente paralisada desde 2016. Como os próprios deputados dizem na carta, o governo federal não pode "aceitar o interesse particular" em detrimento do desenvolvimento regional. Os parlamentares alegam que a TLSA tem interesse em levar o empreendimento para o porto cearense, porque o grupo dono da empresa tem um terminal privativo no Porto de Pecém. 

Até o começo da tarde de ontem, tinham assinaram a carta 11 parlamentares eleitos por Pernambuco: André de Paula, Augusto Coutinho, Daniel Coelho, Eduardo da Fonte, Felipe Carreras, Fernando Monteiro, Fernando Rodolfo, Milton Coelho, Raul Henry, Tadeu Alencar e Wolney Queiroz."Ainda estamos colhendo as assinaturas, mas alguns parlamentares disseram que vão assinar e ainda não estão neste grupo", disse um dos coordenadores da bancada e da iniciativa o deputado federal Augusto Coutinho (SD). 

Ele disse também que o grupo está tentando marcar uma audiência com Tarcísio para o dia 25 deste mês e também já deu entrada num pedido formal para se encontrar com Jair Bolsonaro e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. 

Ainda na carta, a principal argumentação dos deputados é de que não pode ser mais viável economicamente o ramal de Pecém, pois o de Suape será R$ 1,4 bihão mais barato para terminar e também tem 92 km a menos do que o ramal cearense. A Transnordestina já recebeu R$ 6,4 bilhões em investimentos, sendo que 80% dos recursos foram públicos. A empresa TLSA é uma concessão para construir e explorar o empreendimento. 

DÚVIDA

A expectativa é que o documento da bancada de Pernambuco também tenha a assinatura de, pelo menos, dois senadores pelo Estado: Jarbas Vasconcelos (MDB) e Humberto Costa (PT), que participaram da reunião em que a bancada decidiu fazer as cartas pedindo a interferência do ministro e de Bolsonaro na decisão da TLSA. Nesta reunião, estiveram ausentes o deputado federal André Ferreira e o senador Fernando Bezerra Coelho. Na época, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB) disse que o Estado de Pernambuco não fez o necessário para o ramal pernambucano da Transnordestina sair do papel. Fernando Bezerra Coelho foi secretário de Desenvolvimento Econômico e presidente de Suape na gestão do governador Eduardo Campos (PSB).

A grande dúvida é se o senador Fernando Bezerra Coelho vai assinar o documento, já que ele está liderando um grupo de oposição que deseja colocar o seu filho, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), como candidato da oposição a governador de Pernambuco em 2022. 

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