Entidades que representam caminhoneiros se reuniram neste sábado (18), em Brasília, para discutir uma pauta em comum entre as diversas lideranças da categoria, incluindo autônomos, celetistas, sindicatos, cooperativas e outros interessados na defesa da agenda.
O encontro reuniu entidades que frequentemente divergem na convocação de paralisações, como a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL).
Em nota divulgada após a reunião, as entidades listaram oito temas que serão alvo de reivindicações, entre elas a política de preços da Petrobras em relação ao diesel e a defesa do preço mínimo de fretes.
A categoria quer assento em uma audiência pública que ainda será realizada com representantes da Petrobras para discutir a política de preços dos combustíveis. Também reivindica a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema.
Sobre o preço mínimo do frete, as entidades decidiram encaminhar, na segunda-feira (20), ofício aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo reuniões para discutir o tema. A Corte ainda vai julgar ações que questionam a constitucionalidade do tabelamento do frete. A categoria vai pedir que o julgamento aconteça ainda neste trimestre.
Também entraram na pauta do encontro a possibilidade de voto em trânsito dos caminhoneiros, o marco regulatório do transporte rodoviário de cargas, a aposentadoria especial com 25 anos de trabalho e os impactos da BR do Mar (projeto para estimular o transporte hidroviário) no transporte rodoviário.
"Vemos que há necessidade dessa união, e a cada dia que passa surgem pessoas usando o nome da categoria em interesse próprio", disse o presidente da Abrava, Wallace Landim, conhecido como Chorão, antes do encontro.
Embora a possibilidade de a categoria fazer greve nacional não fosse descartada, a medida ficou de fora dos tópicos listados na nota. Segundo os organizadores, o encontro teve mais de 50 lideranças com participação presencial em auditório de um hotel em Brasília e ao menos 60 por videoconferência. Como informou ontem o Broadcast, não foram convidadas as lideranças envolvidas em atos a favor do presidente Jair Bolsonaro, que resultaram em bloqueios de estradas na semana passada.
A reunião também é vista como uma tentativa dos autônomos de superarem cisões e rachas na categoria que surgiram após a greve de 2018. O encontro é o primeiro de abrangência nacional desde a interrupção das atividades pelos autônomos naquele ano.
Novas reuniões ficaram agendadas para 16 de outubro, no Rio de Janeiro, e 20 de novembro, em Porto Alegre.