Os golpes para extorquir dinheiro das pessoas sempre existiram, mas têm se aperfeiçoado a cada ano. Dos antigos cheques falsos, os métodos foram evoluindo para pirâmides financeiras, golpes de bilhetes sorteados, ligações fingindo sequestros e, mais recentemente, as modalidades pela internet. Foi com o aparecimento das novas tecnologias, aliás, que os golpes ficaram cada vez mais sofisticados e aumentaram as chances de mais pessoas serem enganadas.
“A verdade é que toda novidade sempre gera uma nova onda de golpes, pois o que muda são os tipos de tecnologias que estão aplicando, não a capacidade de pessoas mal-intencionadas. A criatividade dos bandidos é sempre grande e com a tecnologia eles têm a possibilidade de atuar com um alcance muito maior”, explica Carol Lagoa, co-founder da Witec IT Solutions.
Hoje, são muitas as tecnologias que deixam as pessoas vulneráveis a esses tipos de golpes. Um destaque são as redes sociais, afinal, é onde mais facilmente os bandidos conseguem criar identidades falsas para se passar por outras pessoas.
"Por mais que esses golpes se mostrem cada vez mais sofisticados, eles normalmente se aproveitam de falhas ou desatenção das vítimas. Assim, todo o cuidado é pouco na utilização da ferramenta, pois, se ela facilita as transações, também facilita os golpes", alerta Afonso Morais, sócio da Morais Advogados.
“A orientação é sempre manter o bom senso e utilizar todos os recursos que tiver ao seu favor, começando por ter habilitado duplo fator de autenticação em todos os seus recursos e aplicativos, desconfiar de grandes vantagens e promoções e, por fim, mas não menos importante, não enviar informações pessoais via redes sociais”, complementa Carol Lagoa.
Ela conta que já se tornou comum utilizar o WhatsApp, por exemplo, para golpes, como quando se faz o ‘sequestro de WhatsApp’ ou criar um número qualquer com uma foto do usuário para se passar por ele. Com isso, é possível fazer o pedido de empréstimo de dinheiro para a rede de contatos da pessoa.
Outra ferramenta que vem facilitando a vida dos bandidos é o PIX. Após pouco tempo de uso, já surgiram diversas estratégias de golpes registradas utilizando essa ferramenta. Assim, é importante redobrar a atenção por parte dos consumidores.
Afonso Morais, especialista em cobrança e direito do consumidor, detalha alguns dos principais golpes que estão sendo realizados utilizando o PIX:
Falsos funcionários
No golpe do falso funcionário de instituição financeira, a vítima recebe contato de alguém se passando por funcionário do banco ou empresa financeira oferecendo ajuda para cadastro da chave PIX, ou afirmando a necessidade de realizar algum teste, induzindo à realização de transferência bancária que será feita, na realidade, para a conta do golpista.
Falso sequestro
Essa já é bastante conhecida, mas tudo se tornou mais fácil com o PIX. A pessoa entra em contato com a vítima, afirmando que sequestrou alguém da família e fala que tem um valor a ser pago. A golpista aproveita o desespero da pessoa, e até imita a voz de um familiar, para induzir a realização da transferência.
Golpe do Bug
Esse golpe aproveita da má-fé da vítima, pois espalha em redes sociais (vídeos ou mensagens de WhatsApp, por exemplo), informações de que o PIX está com alguma falha em seu funcionamento (chamado "bug") e é possível ganhar o dobro do valor que foi transferido para chaves aleatórias. Contudo, ao tentar tirar proveito dessa ação, a vítima enviará dinheiro para golpistas.
Phishing
Os ataques de phishing são muito comuns e usam mensagens que aparentam ser reais para que o indivíduo forneça informações confidenciais, como senhas e números de cartões. Por isso, muito cuidado com qualquer mensagem que receber por e-mail ou por redes sociais, principalmente, as que possuem links suspeitos ou que pedem dados pessoais.
Clonagem de WhatsApp
Outro golpe que vem crescendo com o PIX é o da clonagem do WhatsApp. Neste, os golpistas elaboram uma mensagem no WhatsApp informando falsamente que são de empresas com as quais as vítimas têm relacionamentos ou cadastros ativos. A partir disso, é solicitado o código de segurança, enviado por SMS pelo aplicativo, afirmando se tratar de uma atualização, manutenção ou confirmação de cadastro.
De posse desse código, é replicada a conta de WhatsApp em outro celular. Com isso, os criminosos enviam mensagens para os contatos da pessoa, fazendo-se passar por ela e pedindo dinheiro emprestado por transferência via PIX.
Engenharia Social no WhatsApp
No golpe de engenharia social com WhatsApp, o criminoso escolhe uma vítima, pega sua foto em redes sociais, e, de alguma forma, consegue descobrir números de celulares de contatos da pessoa. Com um novo número de celular, envia mensagens para contatos, informando que teve de trocar de número devido a algum problema. Assim, aproveita e pede uma transferência via PIX, dizendo estar em alguma emergência.
O que se deve fazer para escapar?
Para o sócio da Morais Advogados são necessários alguns cuidados para evitar essas situações. "As pessoas devem suspeitar de mensagens pedindo dinheiro, principalmente, quando são urgentes. Dessa forma, antes de qualquer ação busque ter certeza de saber com quem está falando".
Uma medida simples para evitar golpe é habilitar, no aplicativo, a opção "Verificação em duas etapas", basta acessar e seguir o seguinte caminho: Configurações/Ajustes > Conta > Verificação em duas etapas. Desta forma, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente pelo app, contudo, os golpistas já estão conseguindo vencer essa barreira também. Por isso, deixe a família e conhecidos avisados que nunca irá solicitar dinheiro por esse meio.
"Mas, como pode ver, os aproveitadores nem precisam mais clonar o WhatsApp. Por isso, um alerta importante é sobre a necessidade de cuidado com a exposição de dados em redes sociais, fique atento a sorteios e promoções que pedem o número de telefone do usuário. Além disso, recebendo mensagem de alguém que afirma ter mudado o número, certifique-se dessa informação", alerta Afonso Morais.
"Importante lembrar ainda que instituições financeiras não solicitam dados pessoais ativamente e bancos não fazem teste de PIX. Sem contar que os sistemas bancários são muito avançados para terem "bug" que dê dinheiro às pessoas", complementa Afonso Morais.