O avanço da variante ômicron e o crescimento dos casos de influenza aumentou a procura por testes de covid-19 no Brasil. Com a demanda em alta, os preços dispararam e provocou um início de desabastecimento. Em muitos momentos, para conseguir encontrar o teste, é preciso fazer um tour por farmácias, laboratórios e clínicas. Do outro lado, as fabricantes dos testes enfrentam dificuldade para importar insumos necessários à produção. Esse descompasso entre oferta e demanda provocou um desequilíbrio no mercado. Em alguns locais, o mesmo tipo de teste custa até 100% mais caro do que em outros.
Em Pernambuco, o cenário é semelhante ao nacional. Na sexta-feira (21), um relatório da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) apontou que 90% dos testes de covid-19 foram da variante ômicron. Ao longo deste semana, o Procon Recife fiscalizou laboratórios e farmácias para verificar a possível cobrança de valores abusivos em testes de covid. Foram visitados pela equipe de fiscais do órgão municipal 11 estabelecimentos localizados nos bairros do Derby, Boa Viagem, Casa Forte e Pina, onde foram comparados os valores cobrados pelos principais exames para diagnosticar o vírus.
A ação constatou que os valores cobrados para a realização do exame de Antígeno, conhecido como teste rápido, variavam de R$ 100,00 e R$ 200,00 diferença de 100%. Para o RT-PCR, os valores variavam de R$ 280,00 e R$ 385,00, uma diferença de 37,50%. Para a Sorologia, os preços encontrados foram de R$ 150,00 a R$ 240,00, um aumento de 60%.
O secretário-executivo do Procon Recife, Pablo Bismack, destaca que apesar da variação de preços encontrada entre os estabelecimentos, não foi apurada eventual prática de elevação abusiva nos preços, porque com o aumento da procura pelo serviço e a escassez dos insumos, o preço final do serviço naturalmente sofre alterações. “Constatamos que existem variações e diferenças nos preços, mas justificadas e, por isso, é papel dos órgãos de proteção ao consumidor fazer esse tipo de fiscalização para evitar práticas abusivas", ressalta.
Levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) mostra que o número de testes de Covid-19 feitos nas farmácias do País vem batendo recordes. Pelos cálculos da Associação, foram realizados 13,8 milhões de testes de covid-19 (até 16 de janeiro). Além do varejo farmacêutico, a demanda sobe em hospitais, clínicas e laboratórios, mas também avança a procura de empresas, preocupadas com a testagem de funcionários.
Os insumos usados na realização dos testes variam de acordo com a metodologia de cada exame. Para os testes de diagnóstico molecular (RT-PCR), são necessários reagentes chamados primers. Já os testes rápidos utilizam anticorpos monoclonais e antígeno de referência. Os testes rápidos de antígenos dependem de insumos que vêm basicamente da China e da Índia,países que lideram a produção de farmacoquímicos no mundo. Da mesma forma, para o teste RT-PCR.
Com o repique da pandemia e o avanço da variante ômicron, não é só o Brasil, mas também todos os países que enfrentam uma alta procura por testes, em função da alta no número de casos, estão enfrantando dificuldade para importar os insumos. A pandemia transforma a indústria farmacoquímica em um tabuleiro de disputa global, que, na prática, reflete no bolso de todos nós.