Motoristas de aplicativos como Uber, 99 e inDriver estão preocupados com o reajuste anunciado pela Petrobras nesta quinta-feira (10). De acordo com a empresa, os reajustes de preços de venda de gasolina e diesel para as distribuidoras terão validade a partir desta sexta (11). O preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro.
“Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,37, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,44 por litro”, informou o comunicado da empresa.
Presidente da Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco (Amape), Thiago Silva explica que é necessário um reajuste nas tarifas. "O principal insumo dos motoristas de aplicativos são os combustíveis. Pelo preço que está e com o novo aumento, pode ser o fim do serviço. As empresas de aplicativos precisam reajustar as tarifas de forma a equiparar as perdas. Também são necessárias políticas públicas que possam ajudar a nossa categoria, que vive um período de dificuldade, ainda mais acentuado, desde o início da pandemia. A solução é o reajuste das tarifas, pois mesmo o GNV, hoje, já está na casa dos R$ 4,00 e existem viagens de R$ 5,00. A conta não fecha. Ou a Uber, 99 e InDriver mexem nas tarifas, ou realmente será o fim", afirmou.
Thiago disse que o reajuste de tarifas, segurança e respeito aos motoristas por parte das empresas, são medidas já são cobradas há anos e nunca são atendidas. "Uma coisa que os usuários precisam entender é que as empresas aumentaram os valores pagos por eles para lucrarem mais e não repassaram este aumento para o motorista", comentou.
O presidente da Amape ainda aponta que, em Pernambuco, a isenção de IPVA para motoristas de aplicativos, além de uma linha de crédito voltada para este segmento, que realmente funcione, poderiam ajudar. Ele diz que a Copergás chegou a lançar uma linha de crédito, mas que na prática não está ajudando. "Vários (motoristas) já deixaram e aqueles que ainda resistem estão nas ruas por necessidade, trabalhando 15 horas por dia para poder tentar levar alguma coisa para casa. A maior parte do que ganham fica na bomba e com as empresas de aplicativos. E agora, a desistência tende a ser ainda maior. Tudo aumentou, menos o valor que o motorista de aplicativos recebe das empresas", pontuou. A Amape tem um projeto para essas isenções e cobra diálogo do governo estadual sobre este assunto.
Motorista de aplicativo, Diego Xavier de Oliveira, 33 anos, diz que pensa em migrar para o gás natural, mas esbara no alto valor. "Meu carro é álcool e gasolina e o preço que recebo dos aplicativos por corrida é baixo. Quando comecei a rodar, há alguns anos, o álcool estava em R$ 3,00. Hoje, é R$ 5,20. Enquanto isso, os aplicativos diminuem cada vez mais as tarifas. Em 2018 era em torno de R$ 6,50 a tarifa básica. Hoje, tem corrida em torno de cinco reais. Deveria ter uma tarifa básica maior. O aplicativo cobra menos que um litro de gasolina. Não é razoável. As pessoas estão colocando gás, eu quero colocar, mas é muito difícil para uma pessoa que vive dessa profissão, pagando aluguel, feira, água, luz e gás de cozinha, colocar um gás no carro que gira em torno de cinco mil reais. É inviável", disse.
Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras subirá de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. “Considerando a mistura obrigatória de 10% de biodiesel e 90% de diesel A para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 3,25, em média, para R$ 4,06 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,81 por litro”, diz a nota.
Para o GLP [gás liquefeito de petróleo], de acordo com a empresa, o último ajuste de preços vigorou a partir de 9 de outubro do ano passado. A partir de amanhã, o preço médio de venda do GLP da Petrobras, para as distribuidoras, subirá de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13kg, refletindo reajuste médio de R$ 0,62 por kg.
“Esse movimento da Petrobras vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda”, afirmou a companhia.
Apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo, nas últimas semanas, como decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, a Petrobras informou que decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato, fazendo monitoramento diário dos preços de petróleo.
“Após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”, disse o comunicado.
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