Por Bruno Villas Bôas, da Estadão Conteúdo
O engenheiro José Mauro Coelho tomou posse nesta quinta-feira (14) na presidência da Petrobras, no lugar do general Joaquim Silva e Luna, que deixou a empresa demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Indicado pelo governo, o engenheiro desembarca na estatal com desafio semelhante ao de seus antecessores, de conduzir a política de preços dos combustíveis, motivo do desentendimento de ex-presidentes com Bolsonaro.
Coelho tomou posse no comando da companhia em cerimônia transmitida virtualmente pelo site da Petrobras. Ele estava acompanhado do presidente do conselho de administração da estatal, Marcio Andrade Weber; do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; e de Rodolfo Saboia, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em um discurso de 15 minutos, o engenheiro defendeu que a prática de preço de mercado é uma condição necessária para criação de um ambiente de negócios competitivos, atração de investimentos e novos agentes econômicos no setor, além de garantir o abastecimento do mercado interno. Segundo ele, esse cenário permitiria elevar o aumento da concorrência, com benefício ao consumidor brasileiro.
"É importante ressaltar que, embora sejamos autossuficientes e exportadores de petróleo, somos importadores de vários combustíveis, como gás de cozinha, gasolina, diesel e querosene de aviação, o que impõe a agentes de mercado e governo federal grandes desafios para a garantia de abastecimento", disse ele, que defendeu ainda uma melhor comunicação com a população.
"Muitas vezes, não conseguimos ter comunicação que chegue de forma palatável para o povo brasileiro. Maior interação com Congresso Nacional, com Executivo Nacional", disse Coelho, que abriu seu discurso agradecendo a Deus e ao "senhor presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, pela confiança em mim depositada e indicação para ocupar o cargo".
Coelho afirmou que o Brasil seria atualmente o sétimo maior produtor de petróleo do mundo e que a expectativa seria atingir a quinta posição mundial até 2030. Segundo ele, isso não seria possível sem o modelo de gestão que a empresa adotou a partir de 2017, no governo Michel Temer, e continuou a partir de 2019, no governo Bolsonaro. Para ele, isso permitiu "vultosos investimentos", como no pré-sal.
"Em 2014, a dívida bruta da Petrobras era de cerca de US$ 160 bilhões, uma das maiores do mundo corporativo. Hoje, com o novo modelo de gestão da empresa, é inferior a US$ 60 bilhões. É a redução da dívida da Petrobras que abre espaço para fazer maiores investimentos", disse o engenheiro em seu discurso de posse.
Ele sinalizou ao mercado, ainda, a manutenção de uma série de políticas da Petrobras, como desinvestimentos em campos maduros de petróleo, em refinarias de petróleo e no setor de gás natural, como no Gaspetro e no TBG . "Vamos ser aderentes ao plano estratégico 2022-2026, maximizando ativos de águas profundas e ultraprofundas", afirmou Coelho, acrescentando que os investimentos em refino serão focados em locais próximos da produção.
O conselho de administração da Petrobras elegeu Coelho para a presidência da companhia por maioria de votos, segundo fontes. Dois conselheiros votaram contra o nome do engenheiro para o cargo. Um dos votos contrários partiu de Rosangela Buzanelli, representante dos trabalhadores no conselho. Outro voto contrário seria do conselheiro Marcelo Mesquita, representante de minoritários, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.