Fome assombra as mulheres no Brasil; entre elas, a insegurança alimentar foi de 47% em 2021 contra 26% deles

De 2019 a 2021, houve queda de 1 ponto percentual para homens (cai de 27% para 26%) e aumento 14 pontos percentuais entre as mulheres (sobe de 33% para 47%)
Adriana Guarda
Publicado em 26/05/2022 às 18:42
REALIDADE Dados de 2020 mostram que em 11,1% dos lares chefiados por mulheres os habitantes passavam fome Foto: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM


As mulheres passam mais fome do que os homens no Brasil e, ao longo dos anos, a situação vem se agravando. Pesquisa do economista Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais FGV Social sobre insegurança alimentar, aponta que entre 2019 a 2021 houve queda de um ponto percentual no risco de fome para homens, caindo de 27% para 26% e aumento 14 pontos percentuais entre as mulheres, subindo de 33% para 47%.  

"Como resultado, a diferença entre gêneros da insegurança alimentar em 2021 é 6 vezes maior no Brasil do que na média global. As mulheres, principalmente aquelas entre 30 e 49 anos, onde o aumento foi maior, tendem a estar mais próximas das crianças e gerando consequências para o futuro do país, uma vez que subnutrição infantil deixa marcas permanentes físicas e mentais para toda vida", alerta Neri.

Feminilização do desemprego

O agravamento da fome entre as mulheres também coincide com a codição desfavorável para o sexo feminino no mercado de traballho. A disparidade de gênero no mercado de trabalho é antiga, mas vem se aprofundando. O cenário é de mais mulheres desempregadas do que homens ou ganhando menos do que eles para exercer funções iguais ou semelhantes. 

Com a chegada da pandemia, em 2020, essas disparidades se agravaram. Em muitas empresas as mulheres foram as primeiras a serem demitidas e depois encontraram dificuldade em se recolocar. 

Pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego entre mulheres ficou em 16,45% em 2021, ante 16,25% no ano anterior. Já entre os homens, a taxa ficou em 10,71% no ano passado. No período analisado pelo estudo de Neri, o desemprego feminino antes da pandemia, em 2019, foi de 14,38%. 

Diante do cenário, especialistas defendem a necessidade de criar políticas públicas para inserir a mulher no mercado de trabalho, sobretudo de qualificação profissional. A escolaridade é maior entre as mulheres do que os homens, mas falta experência profissional. 

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