"Minha vida se resume a batalhar, conquistar e ajudar meus pais", diz André, volante do Santa Cruz

Uma das principais revelações do Santa Cruz nesta temporada, o volante André é hoje titular absoluto do meio de campo tricolor. Antes do confronto deste sábado contra o Manaus, o jogador concedeu uma entrevista exclusiva ao repórter da Rádio Jornal João Victor Amorim
JC
Publicado em 19/09/2020 às 16:01
André tem sido um dos destaques do Santa Cruz na temporada Foto: RAFAEL MELO/SANTA CRUZ


Por João Victor Amorim e Robert Sarmento

Uma das principais revelações do Santa Cruz nesta temporada, o volante André é hoje titular absoluto do meio de campo tricolor. Os corais entram em campo neste sábado (19) contra o Manaus, na Arena da Amazônia, às 19h, pela sétima rodada da Série C do Campeonato Brasileiro. O time pernambucano lidera o Grupo A com 13 pontos.

Antes do confronto, André concedeu uma entrevista exclusiva ao repórter da Rádio Jornal João Victor Amorim. Em um bate-papo bem aberto, o jogador falou da sua carreira e dos tempos difíceis quando morava em uma favela em São Paulo. Ele conseguiu o primeiro contrato profissional assinado aos 16 anos, quando acertou com o Garulhos/SP, passando também pelas categorias de base do Internacional. André utilizou o dinheiro que ganhou para ajudar os pais, que ainda moram em São Paulo.

A vida de André começou a mudar quando ele se destacou pelo Santa Cruz na Copa São de Paulo Futebol Júnior de 2020. As três partidas disputadas, mais os treinamento no time principal, convenceram o então treinador do clube, Itamar Schulle, que o garoto precisava de uma chance.

FAMÍLIA É TUDO

Tenho que ir atrás dos sustentos (da família). Me deram tudo (os pais), mesmo quando não tinham nada. Às vezes, tínhamos que dividir para quatro pessoas e meus pais trabalhavam com fome para a gente ter o alimento no outro dia. Eu percebi que era o momento de amadurecer. A primeira coisa que eu fiz quando recebi o salário, o primeiro e o segundo mês, eu mandei tudo para eles.

TEMPOS DIFÍCEIS

Eu morava em uma favela em São Paulo e era um local de risco. Começou a chover bastante e o terreno foi cedendo e as casas caíram. Foi uma cena muito triste. Com 13 anos, eu subi o morro para ajudar crianças e idosos, que não conseguiam descer sozinhas, enquanto chovia e as casas caíam.

SEM GLAMOUR

Não tem essa de glamour. Existem muitos ‘Andrés’ que desistiram, entrando na vida do crime, que eu conheci na minha comunidade, não chegaram até aqui. O que mais se encontra é bom jogador, mas que desistiu. Foram para o caminho errado. Já perdi alguns amigos assim. Felizmente, eu tive cabeça e meus pais me ajudaram muito para saber o que é vida real e não ilusão e eu pudesse viver o meu sonho (de ser jogador).

REALIDADE

É difícil um jogador fazer corpo mole. Existem várias possibilidades e assuntos, mas sempre existe a imperfeição. Nunca querendo errar. Desde quando ingressei na carreira, nunca fiz corpo mole. Cada bola é um prato de comida. Por ser mais novo, erro um pouco e é por querer estar lá (bem na partida). Estou vivendo meu sonho e sempre procuro dar o máximo. É real e não um sonho. Tenho sempre que dar o meu máximo.

 

SUPERAÇÃO

Já carreguei tijolo, fui gandula, ajudei a cuidar de criança… Eu fazia de tudo um pouco para dar o dinheiro aos meus pais comprarem um lanche, não trabalharem com fome e pagar o ônibus. Minha vida é resumido a isso: batalha, conquista e ajudar eles sempre. Toda vez que eu lembro quando foi difícil, eu pedia para ir ao mercado e ela chora porque não tinha um real. É impossível não me emocionar.

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