Clubes engrossam coro por justiça por Mari Ferrer, vítima de estupro

Clubes do futebol brasileiro e jogadores não se isentaram e engrossaram o coro que pede justiça pela jovem na redes sociais, lembrando que não existe "estupro culposo"
Karoline Albuquerque
Publicado em 03/11/2020 às 18:30
O Sport relembrou o número para denúncia: 180. Foto: REPROUÇÃO/TWITTER


A sentença do Ministério Público (MP) do caso de estupro da modelo Mariana Ferrer revoltou as pessoas nesta terça-feira (3). Foram divulgadas pelo Intercept imagens da audiência realizada em setembro que mostram a modelo sendo humilhada pelo advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que representa o empresário André de Camargo Aranha, que acabou absolvido. Clubes do futebol brasileiro e jogadores não se isentaram e engrossaram o coro que pede justiça pela jovem na redes sociais.

Botafogo, Internacional, Sport, Santa Cruz, Corinthians e o jogador colorado João Peglow destacaram que não existe "estupro culposo", nomenclatura dada pelo Intercept ao caso, já que o MP afirma que o réu não tinha consciência da vulnerabilidade da vítima. "Estupro culposo não existe. Estupro é estupro. Denuncie a violência contra a mulher: ligue 180", escreveu o Rubro-negro pernambucano.

O Paysandu relembrou ainda o caso da torcedora bicolor Jennyfer Martins, morta após ser vítima de um violento ataque sexual. "Estupro sempre será estupro! Crime é crime! Não é não! Pelo fim da violência contra a mulher. Por Mari Ferrer, por Jennyfer Martins e por todas as mulheres."

O CASO

O MP alegou que o empresário não teve intenção de estuprar e o juiz do caso, Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, aceitou. Como não existe na lei, o crime não pode ser punido e André Aranha foi absolvido. O advogado Cláudio Gastão ainda atacou Mariana, que chorava muito, dizendo que eram "lágrimas de crocodilo".

Ele humilhou a jovem, afirmando que "graças a Deus" não tem uma filha do "nível" da modelo. "E também peço a deus que meu filho não encontre uma mulher como você. A verdade é essa, não é? Não é seu ganha pão a desgraça dos outros. Manipular essa história de virgem", disse.

O caso ocorreu em dezembro de 2018. Na época, Mariana Ferrer, então com 20 anos, relatou que foi dopada e estuprada "por um estranho em um beach club dito seguro e bem conceituado da cidade". O acusado, de 43 anos, foi indiciado pela Polícia Civil no ano seguinte por estupro de vulnerável. Entre as provas da violência sexual, exames comprovaram que houve conjunção carnal, a ruptura do hímen da modelo e sêmen dele na roupa dela.

A LEI

A lei 12.015, de 7 de agosto de 2009, atualiza o artigo 2013 do Código Penal e tem como pena para o estupro reclusão de seis meses a dez anos. No caso do estupro de vulnerável, que corresponde a menores de 14 anos ou pessoas incapazes de consentir, como o caso de Mariana Ferrer, a pena é de 8 a 15 anos de prisão.

OS DADOS

De acordo com o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou um estupro a cada 8 minutos, totalizando 66.123 boletins de ocorrência. Como é um crime extremamente subnotificado, os dados reais são ainda mais alarmantes. Veja as manifestações dos clubes neste vídeo abaixo, produzido pelo canal de streaming Danz.

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#justicapormariferrer pic.twitter.com/0XUhRPhQ9a

— Vasco da Gama (@VascodaGama) November 3, 2020

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