O Brasil conquistou o ouro olímpico e tornou-se bicampeão em Tóquio. Na prorrogação, a seleção canarinha venceu a Espanha por 2x1 no estádio de Yokohama, palco do penta do Brasil em 2002. Com o resultado, o Brasil se torna o segundo maior vencedor do torneio olímpico, com dois ouros, atrás apenas de Reino Unido e Hungria, que possuem três medalhas douradas. No número total de idas ao pódio, com sete, o país já lidera no futebol masculino.
- Bicampeão: Brasil bate Espanha por 2x1 na prorrogação e conquista o ouro nas Olimpíadas de Tóquio
- Cria do CT Barão, destaque do Fluminense e convocado para as Olimpíadas: conheça a história do zagueiro pernambucano Nino
O time brasileiro contou com um pernambucano, que se tornou o oitavo medalhista olímpico do Estado. Trata-se do zagueiro Nino, de 24 anos, que atualmente joga pelo Fluminense. Apesar de ter nascido no Recife, o defensor é pouco conhecido pelos pernambucanos. Ele foi lapidado pelo treinador Barão, do CT Barão, mas não chegou a ser aproveitado pelo Trio de Ferro, embora tenha passado pela base do Sport. No rubro-negro, Nino fez parte da equipe sub-17 durante um ano e acabou sendo dispensado. Então, foi jogar no Criciúma, onde completou sua formação de base e teve a primeira oportunidade no profissional.
"Barão é muito especial. O trabalho que ele faz não existe ninguém no mundo que faça dos sete aos 14 anos. Ele prepara o jogador desde os fundamentos básicos, até deixá-lo pronto. E ele sempre fez isso sem muito incentivo. É o tipo de cara que precisa de pouca coisa para fazer algo extraordinário", disse Nino.
"Hoje vemos os frutos dele. Junto comigo na seleção olímpica tem o Matheus Cunha (atacante paraibano, do Hertha Berlim, da Alemanha). Outros que passaram por Barão foram: Otávio (meia paraibano, atualmente no Porto, de Portugal) e Rômulo (meia pernambucano, que estava no Busan IPark, da Coreia do Sul), todos passaram pelo CT Barão e realizaram o sonho de se tornar jogador profissional", declarou o zagueiro, que na infância jogava futsal na AABB e também no Santa Cruz.
Titular inconteste da zaga do Fluminense e atuando em alto nível, a convocação para a seleção sub-23 era mais que natural. E, desde o início do ciclo do pré-olímpico, Nino sempre esteve presente nas convocações do técnico André Jardine, que também transformou o zagueiro pernambucano em peça fundamental no sistema defensivo brasileiro.
"Quando fui convocado (para as Olimpíadas) a emoção foi imensa. Lembrei do começo, de todo o processo pré-olímpico. Conversava com minha família que parecia algo distante. Graças a Deus, estou realizando esse sonho. Passa um filme na minha cabeça de tudo o que tivemos de abrir mão", contou o pernambucano.
"Quando falo a gente é porque não fui só eu, mas minha família também. Perdi o casamento da minha irmã. Inúmeros dia dos pais, dia das mães, aniversários. Perdi a formatura dos meus primos. Muita gente teve de abrir mão para eu poder realizar o meu sonho profissional. Mesmo com as dificuldades que passamos, as portas fechadas que encontramos, outras se abriram de repente, sem imaginarmos. E o apoio que tive deles é algo emocionante. Vejo que valeu a pena. Espero que todos que me ajudaram se sintam realizados com minha participação nos Jogos Olímpicos e que eu possa jogar por eles de alguma maneira", declarou Nino.
Depois de todo caminho percorrido, o foco agora é na medalha de ouro. "Claro que vai chegando perto vem a ansiedade, com a mescla de responsabilidade de representar o país do futebol e atual campeão olímpico. Mas vamos forte e temos um bom time. Estamos preparados por tudo que passamos até aqui. Vamos motivamos para conquistar a medalha de ouro novamente", garantiu o zagueiro pernambucano.
Após início no futsal, na transição para o campo, Nino jogava de volante e tentou a sorte no sub-17 do Sport, mas acabou sendo dispensado... Encontrando no Criciúma as portas abertas para recomeçar. "Joguei um ano na base do Sport, mas sem muita valorização e, por essa falta de valorização, deixei o Estado porque sabia que aí (Pernambuco) seria muito difícil. Eu cheguei no Criciúma muito novo, com idade ainda na formação do seu caráter, da maneira de viver, você ainda não é adulto e não tem maturidade para viver longe dos pais e da família, sendo que meu pai, minha mãe, todos me apoiaram muito", contou o defensor.
Na sua curta passagem pelo Sport, Nino relembra alguns jogadores com quem jogou na base. "Everton Felipe, que está no São Paulo, é do mesmo ano que eu e jogamos no primeiro ano do sub-15. Joelinton, do Newcastle, também jogou no meu time. Neto Moura que está na Ponte Preta. Já Ronaldo, volante que ainda está no Sport, jogava numa categoria acima. Alguns dos jogadores que chegaram no profissional", apontou.
A boa regularidade no Criciúma, alcançando mais de 80 jogos no profissional do time catarinense, chamaram a atenção do Fluminense. Que, apesar de inicialmente ter feito um contrato de empréstimo, não demorou muito para exercer a opção de compra do zagueiro.
"Era algo que sempre quis e trabalhei para alcançar esse sonho que tinha. Já alimentava isso no coração, de ter a oportunidade de aparecer nacionalmente falando. Representar uma das maiores camisas do País e do continente. Então, busquei chegar preparado para encontrar todo tipo de situação. O primeiro ano foi por empréstimo e, o normal, seria voltar para o Criciúma após o contrato. E estava preparado caso não desse certo. Porém, eu estava focado para atrair o interesse do Fluminense em exercer o direito de compra", disse ele.
"Graças a Deus fui bem, tive um bom número de partidas e, no final do ano, livramos o time do rebaixamento (em 2019). Esse ano alcancei a marca de 100 jogos pelo clube e foi muito especial. Espero manter essa regularidade e alcançar outras marcas expressivas", emendou Nino.
8º pernambucano com medalha
Com a conquista da medalha, Nino se junta a um grupo que tem grandes nomes do futebol, do vôlei e do pentatlo. São eles: a goleira da seleção brasileira de futebol feminino, Bárbara, medalha de prata nos jogos de Pequim em 2008; a ponteira do vôlei feminino, Jaqueline, medalha de ouro em Pequim 2008 e em Londres 2012; a levantadora do vôlei feminino, Dani Lins, medalha de ouro em Londres 2012; a pentatleta Yane Marques, bronze em Londres 2012; o meio-campo da seleção brasileira de futebol, Rivaldo, bronze em Atlanta 1996; o ponteiro da seleção masculina de vôlei, André Felippe Falbo Pereira, o Pampa, medalha de ouro em Barcelona 1992 e o meia da seleção masculina de futebol, Hernanes, medalha de bronze em Pequim 2008.