Vários clubes de futebol do Nordeste, incluindo o Náutico, se encontraram na última quarta-feira (9) com o Presidente da República, Jair Bolsonaro, para tratar sobre a Medida Provisória 984, que altera a venda dos direitos de transmissão das partidas de futebol no país. De acordo com o mandatário alvirrubro, Edno Melo, que representou Timbu na reunião, as agremiações querem que a MP seja aprovada antes que perca o prazo de votação no Congresso e abra o mercado de transmissões de futebol no Brasil. O próprio presidente do Náutico classificou essa mudança como uma “Lei Áurea do futebol”, em que livraria os clubes do monopólio da empresa detentora dos direitos de veiculação das partidas na TV aberta, fechada, pay-per-view e streaming.
“O Náutico foi convidado para essa reunião com o presidente Jair Bolsonaro através da Liga do Nordeste. Todos os times que são ligados à Liga foram convidados para fazer uma pressão maior para que essa MP se torne lei, uma vez que ela já tramita no Congresso e falta só a apreciação da casa para que se torne lei. Inclusive, esse projeto para o torcedor alvirrubro entender a importância dele, foi batizada como a ‘Lei Áurea do futebol’. É um projeto de lei que está próximo de caducar e, somente pela boa vontade dos parlamentares, ela vai para votação e provavelmente vai se tornar lei”, comentou Edno Melo em entrevista ao repórter Antônio Gabriel, da Rádio Jornal.
A ideia dos times nordestinos é de formar um bloco para que haja a negociação da fatia de jogos referentes às equipes da região, para que se abocanhe uma fatia maior do mercado e dê maior poder de barganha junto às emissoras que queiram transmitir as competições nacionais. Com a Liga do Nordeste representando os clubes, essa negociação se torna mais simples e os fortalece.
“Foi feita uma palestra com o que poderia de fato ocorrer, caso essa MP se torne uma lei pelos clube, e foi colocada uma negociação em bloco. Por exemplo, o bloco do Nordeste, em que ele consegue uma fatia muito maior do mercado, do que simplesmente time A, B ou C (individualmente). Então a solução para esse clubes menores é negociar em bloco fechado e ir para o mercado”, acrescentou o presidente do Náutico.
Edno Melo também ponderou sobre o fim do monopólio das transmissões do futebol brasileiro, algo bastante criticado por ele. O mandatário alvirrubro acredita que, com a promulgação da MP 984 em lei, os clubes passam a ter mais liberdade para realizar as transmissões e o mercado se aquece, com a entrada de novas empresas, sejam elas de televisão ou internet, fortalecendo o Campeonato Brasileiro.
“Existem muitas redes, players, querendo comprar essas transmissões. O streaming é uma realidade muito forte no futebol brasileiro e o interesse pelos jogos se torna muito grande. É muito injusto você deixar que uma única empresa monopolize. E não é nem que transmita, mas que não transmita e não deixe ninguém transmitir. Um exemplo (no atual cenário), vamos dizer que o Náutico não fechasse com a Rede Globo. Então ela não poderia transmitir os 38 jogos do Náutico. Com essa lei do mandante, ela ganha 19 jogos, porque só não vai transmitir os jogos que o Náutico não for mandante. Então não existe a perda da participação do mercado, e sim a perda de um monopólio, que é muito ruim para o futebol brasileiro”, disse.
Nas redes sociais, vários torcedores do Náutico se posicionaram contra a entrega da camisa do clube ao presidente Jair Bolsonaro. De acordo com as reclamações, a questão ideológica do chefe do executivo vai de encontro às pregadas pelo clube na atual gestão. Além disso, a simbologia da camisa número dois, feita com uma homenagem aos trabalhadores da área de saúde, seria também uma contradição diante da postura adotada por Bolsonaro no combate à pandemia da covid-19. Porém, na visão do mandatário do Timbu, a entrega seria feita a qualquer um que fosse presidente do Brasil, independente da questão ideológica, pois se tratava de um encontro de representava instituições da sociedade.
“O presidente foi agraciado com uma camisa do Náutico e faria se fosse qualquer presidente. Se fosse presidente A, B ou C, ali estava a instituição Clube Náutico Capibaribe representada pelo presidente Edno Melo e o Governo Federal representado pelo presidente Jair Bolsonaro. Então que fique claro que não foi uma visita simplesmente de cortesia, visita que o Náutico procurou para homenagear nenhuma autoridade. Foi um compromisso formal, uma reunião que se teve alguns resultados positivos”, concluiu.