Diante da polêmica após postagem publicada e apagada nas redes sociais, o Conselho Deliberativo do Náutico emitiu um comunicado nesta sexta-feira (13) afirmando que todas as solicitações referentes à camisa preta foram atendidas. Na quinta-feira (12), o post reafirmando as cores do clube recebeu bastantes críticas.
Na nota desta sexta, o Conselho informa que foi solicitado ao plenário que o uniforme preto lançado em setembro, com a campanha Vidas Negras Importam, fosse usado pelo goleiro e no primeiro tempo do jogo contra a Chapecoense. "O pedido foi aprovado pela Mesa Diretora e posteriormente referendado pelos conselheiros", diz o comunicado.
"Quando chegar novo pedido da Presidência Executiva do Clube, a quem compete originariamente a decisão, o Conselho Deliberativo colocará em pauta, como exige o Estatuto, e analisará", emenda. O órgão ainda afirma que, caso haja alguma negativa sobre o uso da camisa e a campanha, irá divulgar a decisão "da forma clara".
O conselho alvirrubro aproveitou ainda o espaço para reforçar que a publicação nas redes sociais foi feita de maneira errônea pelo gestor de mídias sociais, responsável por posts sobre Timemania, esportes olímpicos e informes institucionais.
O referido post citava o artigo 4º do estatuto do Timbu, sobre as cores do clube. “No artigo 4º do estatuto do clube, está bem claro quais as cores do clube da Rosa e Silva”, dizia a publicação, apagada em seguida. O conselho destaca que foi algo publicado "inadvertida e aleatoriamente". "Diante da possibilidade de interpretação dúbia, foi determinada a retirada do post", completa.
Justamente por causa da desconfortável publicação, o Conselho Deliberativo compreende que "parte da torcida tenha feito analogia da postagem com a informação falsa, mas amplamente divulgada, de que o Náutico é contrário a qualquer campanha contra o racismo". E volta a repetir que o órgão apoiou a campanha.
Lançada no dia 18 de setembro deste ano para as temporadas 2020-2021, a camisa e a campanha Vidas Negras Importam revisita fantasmas do passado do Náutico. Ela reconhece a dívida que o clube tem na história e no combate ao racismo. "Mas tem uma parte do nosso passado que a gente não se orgulha. Fomos o último clube grande a permitir negros usando a camisa alvirrubra", relembra a campanha, na voz do ex-goleiro Nilson.
Ele é o protagonista da ação. Vítima de racismo dentro do estádio dos Aflitos, o ex-jogador defendia o Santa Cruz em clássicos contra o Náutico quando ouvia os ataques vindos das arquibancadas. "Era um coro racista imitando som de um macaco e foi um som muito forte. Você lembra daquele som e sabe que aquilo foi feito por causa da cor de sua pele”, disse Nilson.