Após a derrota por 1 x 0 para o Fortaleza, o Sport agora concentra forças mirando a reabilitação na Série A diante do Palmeiras, às 19h45 do próximo domingo (13), no Allianz Parque. E o Leão vai reencontrar um velho conhecido neste duelo. Trata-se do técnico Vanderlei Luxemburgo, que enfrenta o Rubro-Negro pela primeira vez desde que foi demitido em outubro de 2017 após uma derrota por 2 x 0 para o Junior Barranquila na Ilha do Retiro, válida pelo jogo de ida da Copa Sul-Americana. Essa demissão, inclusive, não é muito bem aceita por Luxemburgo até hoje.
Comandando o Palmeiras em 2020, Luxemburgo foi campeão paulista após derrotar o Corinthians nos pênaltis, quebrando um jejum de mais de 12 anos do clube alviverde - curiosamente o último título tinha sido com Luxa, em 2008.
Luxemburgo chegou no Sport para substituir o técnico Ney Franco, que tinha sido demitido depois do vice da Copa do Nordeste para o Bahia. Com um discurso ousado e exaltando o Rubro-Negro, Luxa desembarcou no Recife com grande aprovação da torcida leonina, que sonhava com o vitorioso treinador levando o Leão para lugares mais altos a nível nacional. A estreia do comandante aconteceu diante do Botafogo, pela Copa do Brasil, onde o Sport empatou por 1 x 1 com os cariocas e foi eliminado, já que tinha perdido por 2 x 1 no Rio de Janeiro - sob o comando de Ney Franco.
A estreia de Luxa comandando o Sport na Série A aconteceu diante do Avaí, fora de casa. E o Leão foi derrotado por 1 x 0. No entanto, o resultado frustrante deu lugar a euforia três dias depois: vitória rubro-negra por 2 x 0 diante do Flamengo, na Ilha do Retiro. Só que essa reação foi freada com uma derrota por 2 x 1 para o Vasco, empate por 0 x 0 com o São Paulo e um revés por 3 x 1 contra o Vitória - esses dois últimos resultados em casa.
Depois da derrota por 3 x 1 para o Vitória, o técnico Vanderlei Luxemburgo cobrou o elenco na coletiva pós-jogo. Entre vários temas abordados, afirmou que faltou atitude dos jogadores para vencer o clube baiano e que eles não entraram em clima de decisão. No entanto, a bronca pública surtiu efeito positivo. Nos sete jogos subsequentes, o Leão teve uma sequência de sete jogos sem derrota: um empate e quatro vitórias na Série A, um triunfo na Copa Sul-Americana e, além disso, venceu o Salgueiro e conquistou o título Pernambucano.
O Campeonato Pernambucano, inclusive, foi um dos últimos títulos de Luxemburgo na carreira - ele é o atual campeão paulista. Vale lembrar que o treinador só comandou o Sport no segundo jogo da final do Estadual, o que fez ele dividir os méritos da conquista com os antecessores Ney Franco e Daniel Paulista.
Depois das sete vitórias, o Sport foi derrotado por 2 x 1 pelo Botafogo. No entanto, conseguiu a recuperação goleando o Atlético-GO. Nos quatro jogos restantes do primeiro turno, uma vitória, um empate e duas derrotas, resultados que mantiveram o Leão na sexta posição, colocação que levava o Rubro-Negro para a pré-libertadores. Com os 19 primeiros duelos concluídos, o discurso de conseguir uma vaga na competição de clubes mais importante do continente estava vivo.
O Sport iniciou o segundo turno empatando com a Ponte Preta na Ilha do Retiro. Em seguida, foi derrotado pelo Cruzeiro, fora de casa. E aí veio o 'Furacão Luxemburgo' diante do Grêmio. Isso porque o Leão foi goleado por 5 x 0 em Porto Alegre. E treinador não poupou críticas ao elenco após o resultado vexatório. Na entrevista coletiva, afirmou que não iria aceitar brigar pelo rebaixamento, cogitou barrar jogadores e, além disso, até colocou o cargo à disposição da direção, que saiu em defesa do técnico e até renovou o contrato dele. Vale lembrar que um áudio foi vazado com Luxemburgo dando uma bronca no elenco no vestiário depois do jogo.
Além da direção, parte da torcida do Sport também comprou o discurso do treinador. Os muros da Ilha do Retiro, inclusive, foram pichados no dia seguinte a goleada sofrida pelo Grêmio. Um dos dizeres chamava o meia-atacante Diego Souza de falso ídolo e outro 'abraçava' o treinador com um 'tamo junto, Luxa'.
Depois da goleada e da bronca de Luxemburgo, o Sport jogou mais oito vezes sob o comando do treinador. E só venceu apenas um jogo, com mais três empates e quatro derrotas. No total, a campanha no segundo turno era de um triunfo em 11 partidas, o que fez o Rubro-Negro despencar: caiu da 6ª para a 15ª posição, com apenas dois pontos acima da zona de rebaixamento. Desempenho que resultou na perda de apoio de parte da torcida, que já questionava o trabalho do técnico.
Mesmo com um desempenho pífio no segundo turno da Série A, o Sport ainda estava vivo na Copa Sul-Americana. O Rubro-Negro estava nas quartas de final da competição e tinha um duelo importante diante do Junior Barranquila-COL, na Ilha do Retiro. Partida que foi tratada como decisiva não só pela torcida, mas também pela direção do clube. No entanto, o Leão foi engolido dentro de seus domínios e perdeu por 2 x 0 para os colombianos, resultado que praticamente selava a eliminação do time no torneio - que acabou se confirmando uma semana depois, após um empate por 0 x 0 na Colômbia.
Na reta final da partida, a paciência da torcida com o trabalho do técnico estava esgotada, com vaias e gritos de burro direcionados ao treinador, que acabou sendo demitido ainda no vestiário pelo então vice-presidente do Sport, Gustavo Dubeux. Após a saída, Luxa disse que já esperava essa demissão da forma como aconteceu.
"Aconteceu uma coisa que iria acontecer há três meses. Eu falei para Gustavo que quando acontecesse, ele me demitiria. Eu sabia que Gustavo ia me mandar embora. Agora o motivo é com ele", disse Luxemburgo após o jogo. Em várias entrevistas que já deu depois que deixou o Sport, Luxa não aceitou muito bem a demissão da forma como aconteceu, destacando que teve um trabalho interrompido e poderia ter feito coisas melhores no Leão.