O pedido para a exclusão do advogado e conselheiro Flávio Koury, que cometeu pesadas críticas contra o ex-BBB Gilberto Nogueira, o Gil do Vigor, já foi protocolado na Secretaria do Conselho Deliberativo do Sport. Quem confirmou isso foi o presidente do órgão, Pedro Leonardo Lacerda, em contato com a reportagem do Jornal do Commercio. Segundo o mandatário, a petição foi apresentada na última segunda-feira, na secretaria do Conselho, e solicitada pelo deputado estadual e também conselheiro Romero Albuquerque, que foi o responsável por divulgar os áudios homofóbicos de Flávio Koury.
Ainda de acordo com Pedro Leonardo Lacerda, até o momento em que ele conversou com a reportagem, esse era o único pedido de exclusão que havia chegado no Conselho Deliberativo do Sport.
E quais os próximos passos depois que o pedido de exclusão de Flávio Koury é protocolado no Conselho Deliberativo do Sport? De acordo com Pedro Lacerda, a próxima reunião ordinária do órgão, marcada para o dia 8 de junho, terá a formação da Comissão de Ética, que será composta por cinco conselheiros, sendo três nomeados pela presidência e outros dois pelo plenário.
"A partir daí, quando a Comissão de Ética estiver formada, encaminho a denúncia para a Comissão, que faz uma análise dos requisitos, porque toda petição tem requisitos. Se estiver tudo ok, vão processar a denúncia. Existe um prazo de 15 dias para o denunciado se defender por escrito. Se ele não fizer isso, a Comissão constitui um conselheiro para fazer o papel de defensor dativo, e o prazo que a Comissão tem é de 30 dias para emitir um parecer sobre a defesa, que pode ser prorrogado por mais 30 dias caso seja necessário", explicou Pedro Lacerda.
"Quando terminar o trabalho da Comissão de Ética, que vai enquadrar a conduta conforme o estatuto e o regimento, eles vão emitir um parecer, que será devolvido para mim, e aí eu convoco uma sessão e coloco em votação o parecer da Comissão de Ética. Aí o plenário vai decidir se aprova ou não o parecer da Comissão", finalizou.
- Louzer admite que Sport precisa de mais competitividade para ser campeão pernambucano
- Conselheiro do Sport pede expulsão de deputado que denunciou áudios homofóbicos contra Gil do Vigor
- Sport anuncia a contratação do atacante Paulinho Moccelin, ex-Chapecoense
- Ministério Público investiga Sport após comentários homofóbicos de conselheiros sobre Gil do Vigor
- Com provável venda de Adryelson, Sport desiste de emprestar Chico
- Sport oficializa contratação do lateral-direito Hayner
POSSÍVEIS PUNIÇÕES
Caso se confirme a infração de ética de acordo com o estatuto do clube, aí o conselho pode sofrer três punições: advertência, suspensão e a cassação do mandato, que faz o individuo não elegível para a função nas duas próximas eleições. Ou seja, ficaria quatro anos sem poder ser conselheiro, segundo explicou Pedro Leonardo Lacerda.
Em um dos trechos do estatuto do Sport, o texto diz que um sócio ou conselheiro pode ser excluído caso cometa falta grave contra os interesses superiores do Rubro-Negro, como:
* Faltar com decoro no recinto do clube ou do estádio;
* Atentar contra a imagem do Sport, ou membros de sua administração, da sua equipe técnica ou dos seus atletas;
* Ser prejudicialmente condenado mais de uma vez, no espaço de cinco anos, por infração praticada na Ilha do Retiro, tipificada como tumulto, porte ou tráfico de drogas proibidas.
Além disso, a exclusão ocorre caso o sócio ou conselheiro seja condenado em ação transitada em julgado, por pena de reclusão por ato desabonador. Para ler mais sobre o estatuto do Sport clique aqui.
ENTENDA O CASO
Na última sexta-feira, o deputado Romero Albuquerque divulgou áudios em que o advogado e conselheiro Flávio Koury comete homofobia. Entre os comentários, Flávio Koury diz que, ao observarem Gil do Vigor dançando o "tchaki tchaki" na Ilha do Retiro, o público acreditaria que o "time só tem bicha", e que esse tipo de dança não deveria ser feita num estádio, mas sim em bordéis. "1,2 milhão de visualizações. Arretado! 1,2 milhão de pessoas achando que o Sport só tem viado, só tem bicha. Vai vender é camisa. A viadagem todinha vai comprar... Vai ser lindo!", disse Koury em um dos áudios.
Além da torcida, o Sport e os jogadores saíram em defesa de Gil do Vigor. No mesmo dia em que os áudios foram divulgados, o Rubro-Negro publicou uma nota repudiando os comentários homofóbicos e afirmando que o clube e Conselho Deliberativo iriam investigar o ocorrido e tomar providências. Sobre os atletas, o capitão Patric gravou um vídeo em apoio ao ex-BBB, além do atacante Everaldo ter comemorado o gol contra o Náutico dançando o "tchaki tchaki", dança marcante de Gil do Vigor, ao lado de outros jogadores.
Além disso, o Leão promoveu outras ações contra a homofobia, usando as cores da bandeira LGBTQIA+ na braçadeira de capitão no clássico contra o Náutico. A outra ação foi acrescentar o "do Vigor" após os nomes dos jogadores nas camisas, além de entrar em campo com uma faixa.
O QUE DIZ A LEI
O Superior Tribunal Federal enquadrou, em junho de 2019, a homofobia e a transfobia no artigo 20 da Lei 7.716/1989, que fala sobre racismo e discriminação. Ou seja, de acordo com a decisão da corte:
* Praticar, incitar ou induzir a discriminação ou preconceito por conta da orientação sexual do individuo poderá ser considerado crime;
* Além da multa, a pena será de um a três anos;
* Se ocorrer grande divulgação da homofobia em veículos de comunicação, vide publicações em redes sociais, a punição será de dois a cinco anos, além do pagamento da multa;
* A aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o assunto.
FLÁVIO KOURY SE PRONUNCIA
Advogado e conselheiro do Sport, Flávio Koury pediu desculpas, no último domingo, ao pernambucano e economista, Gil do Vigor. Na sexta-feira, o Blog de Jamildo divulgou áudios com comentários homófobicos dele direcionados ao ex-participante do Big Brother Brasil 2021. Nos ataques, Koury falou sobre a dança de Gil, que ficou famosa em todo o Brasil como “tchaki, tchaki”, após o reality show, e o ex-BBB reproduziu dentro da Ilha do Retiro.
Quero pedir desculpas a todos que se sentiram atingidos por minhas palavras, utilizadas num ambiente privado e que, retiradas de um contexto onde se discutia futebol, foram indevidamente remetidas à imprensa e às redes sociais por um dos debatedores.
Especialmente, peço desculpas a Gil do Vigor, que, involuntariamente, viu-se envolvido no episódio, o que jamais foi minha intenção ou intuito, estendendo as escusas também aos seus familiares e fãs.
Recife, 16 de maio de 2021.