Para além das questões concernentes à segurança pública e aos direitos humanos, a tragédia da favela do Jacarezinho, no Rio, virou combustível político. Adversários de Cláudio Castro, aliado de Jair Bolsonaro, acreditam que o timing da operação, independentemente de seus controversos resultados, está atrelado ao calendário eleitoral.
Em conversas com a Coluna, articuladores de uma frente para enfrentar o presidente e o governador em 2022 avaliam que a letal ação da polícia teve o efeito imediato de reaglutinar as forças conservadoras no Rio.
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Investigação e cautela
Por isso, aumentarão as cobranças dos adversários de Castro (PSC) e do clã Bolsonaro por uma apuração independe e rigorosa das mortes.
No País onde a política contamina debates que vão do BBB à segurança pública, só as investigações podem evitar que a morte de pelo menos 27 pessoas não vire combustível eleitoral em 2022, de ambos os lados do espectro.
Saída pela lei
É importante, para quem tenta construir uma alternativa ao bolsonarismo no Rio, denunciar o que o grupo chama de "chacina", mas sem perder de vista que a bandeira da segurança pública não é prerrogativa do clã Bolsonaro.
De Eduardo Paes até Marcelo Freixo, com parada em Rodrigo Maia, a frente sabe que o discurso do "bandido bom é bandido morto" agrada ao eleitor conservador. Uma alternativa em estudo é a proposição de uma segurança pública com mais inteligência e menos mortes.
É grave
"Me parece que essa ação, que segue a orientação do tiro na cabecinha do Wilson Witzel, teve tempo político determinado e planejado, para tentar inverter a atenção da sociedade", disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
O governo do Rio descarta motivação política e eleitoral na apuração, conduzida pelas forças de segurança do Estado.
Piso molhado
Há um consenso entre os senadores da CPI da Covid. Marcelo Queiroga possui característica caríssima ao mundo da "política tradicional": é "liso" e "escorregadio" feito um bagre ensaboado.
De fora
Apesar de confirmada na audiência que discutiu o "tratamento precoce" contra a covid-19 na Câmara, Natalia Pasternak não recebeu confirmação da comissão de que poderia participar, de modo virtual, do encontro no horário solicitado pela microbiologista.
Uma vez ausente, acabou sendo chamada por participantes de "apresentadora, que está sempre na televisão" e terminou acusada nas redes sociais de ter "fugido do debate".
Tô aqui
Segundo o Instituto Questão de Ciência, que Pasternak preside, a "ausência se deveu, única e exclusivamente, a gesto de omissão dos responsáveis pela audiência".
Não vai ficar assim
Diante do que chamou de "propagação de informação inverídica", que alimentou "discurso de ódio", o IQC avalia entrar com pedido de retratação na Câmara. (COM MARIANNA HOLANDA)
Pronto falei
Tabata Amaral - Deputada federal (PDT-SP)
"Política de segurança se faz com estratégia e não truculência. O que aconteceu foi uma chacina, que tirou a vida de moradores de periferias e policiais."