Após 'exterminar' o coronavírus, Nova Zelândia abranda confinamento

A comunicação clara e direta com a população, especialmente pela primeira-ministra Jacinda Ardern, também é citada como explicação do sucesso do país no combate ao vírus
Estadão Conteúdo
Publicado em 27/04/2020 às 11:18
Pandemia do coronavírus deixa mortos em todo o mundo Foto: FOTO: AFP


Salário da primeira-ministra, dos ministros e dos principais funcionários públicos cortados em 20% por seis meses. Comércio, escolas, serviços e fronteiras fechados. Viagens limitadas, circulação de pessoas restrita somente ao essencial e multas para quem descumprir. E medidas econômicas para apoiar quem mais precisa. Essa foi a receita que permitiu com que a Nova Zelândia praticamente eliminasse o coronavírus de suas terras e seja capaz reabrir lentamente as atividades econômicas nesta terça-feira, 27.

Nesta semana, restaurantes, canteiros de obras, escolas e varejistas começam a abrir cinco semanas depois de uma dura restrição de circulação de pessoas. O país desenvolveu um sistema de alertas que varia de 1 a 4 conforme a gravidade da pandemia. Agora, passa a valer o nível de 3. Há menos de 300 casos no país e foi identificado apenas um novo nesta segunda-feira (26).

O mantra da estratégia do governo era, desde o início, agir rápido para eliminar o vírus - identificar, testar e tratar. Ainda era fevereiro quando o país adotou as primeiras restrições e, com menos de 300 casos, decretou um bloqueio total - muito mais cedo que a maioria dos países. Decisão difícil, já que a nação de 4,8 milhões de habitantes recebe 3,8 milhões de visitantes por ano e tem no turismo e no comércio rendas importantes.

"A decisão de fechar nossas fronteiras não foi fácil e trouxe impactos econômicos significativos", reconheceu o embaixador da Nova Zelândia no Brasil, Chris Langley. "Mas o governo deu prioridade aos aspectos de saúde pública, acreditando que a recuperação econômica virá mais rapidamente com uma população saudável quando tivermos o vírus sob controle".

"Fiquei satisfeita quando foi anunciado que estávamos entrando em lockdown", relembra a advogada Harriet Willis, moradora de Wellington. "Naquela época, havia dados mostrando que a Nova Zelândia estava na mesma curva que a Itália, embora nosso número de casos fosse baixo".

A maior parte dos contaminados estava fora do país em viagem. Todas as pessoas que entram no país precisam aderir a uma quarentena imposta pelo governo, não apenas um isolamento autoimposto.

Vantagens naturais e políticas

Mas outras características neozelandesas explicam o controle da disseminação do vírus. Uma é a vantagem natural, já que é uma nação insular e o controle de quem entra e sai do país é mais fácil. A outra é política: não há Estados separados no país e nem províncias. "Não há dinâmica federal versus estadual em jogo", explica o embaixador. A comunicação clara e direta com a população, especialmente pela primeira-ministra Jacinda Ardern, também é citada como explicação do sucesso do país no combate ao vírus.

"Muito pouco é feito a portas fechadas. As pessoas são convidadas para reuniões virtuais entre os principais epidemiologistas da Nova Zelândia e o governo", explica Annemarie Jutel, professora da Escola de Enfermagem da Universidade de Victoria em Wellington. "O modelo de comunicação oferecido, inequívoco e transparente, reconhece nossos sacrifícios e nos lembra de sermos gentis e de cuidar dos mais vulneráveis. Ninguém se desviou disso no espaço público", afirmou.

 

 

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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