Com informações da Revista Super Interessante
Em atual destaque por manifestar apoio aos protestos contra a morte do afro-americano George Floyd pela polícia americana, o grupo Anonymous tem uma longa jornada de atuação ‘hackativista’ pela internet. Seus primeiros passos, no entanto, foram dados em 2003, no 4chan, um site com fóruns de discussão. Os usuários que não se identificavam nos debates tinham suas mensagens postadas como ‘anonymous’. A partir disso, surgiu a ideia de criar uma identidade. Hoje, são conhecidos pela defesa dos direitos civis e das liberdades individuais.
A primeira vez que ganharam atenção mundial foi em 2008, em uma série de protestos contra a Igreja da Cientologia. Na ocasião, um vídeo de uma entrevista com Tom Cruise produzido pela Igreja vazou para a Internet e foi enviado ao YouTube. Entretanto, a Igreja emitiu um pedido de violação de direitos autorais contra a empresa para a remoção do vídeo. O grupo de hackers considerou a ação uma forma de censura na Internet, por isso, organizaram uma série de ataques de negação de serviço contra sites da Cientologia, e trotes aos centros da igreja.
Ainda, os hackers subiram o vídeo em diversos websites, mas toda vez era rapidamente derrubada por alguma ordem judicial encabeçada pelos cientologistas. Entretanto, isso não impediu o grupo de ganhar repercussão pela forma de burlar. Naquelas semanas, cerca de cem cidades, principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido, registraram protestos contra a Cientologia.
Em outras atuações mais recentes, eles ajudaram a burlar a censura durante a Primavera Árabe - onda de protestos e manifestações que tomaram conta do Oriente Médio e do norte da África no fim de 2010 -, inclusive, apoiaram pela internet a população que derrubou o governo ditatorial de Zine El Abidine Ben Ali, na Tunísia. Já em 2017, recriminam, através de vídeo, uma passeata neonazista em Charlottesville que resultou na morte de uma mulher.
Um símbolo muito associado aos simpatizantes ou integrantes do movimento durante protestos, para manter o sigilo, é a máscara de V, personagem defensor da liberdade do filme V de Vingança. O herói é inspirado na figura de Guy Fawkes, um soldado inglês que acabou morto por participar da Conspiração da Pólvora, contra o rei Jaime 1o, na Inglaterra do começo do século 17.
A primeira aparição do grupo na versão brasileira foi em 2013, durante os protestos que começaram pelo aumento de 20 centavos na passagem de ônibus em São Paulo. Naquele período, mais de 140 páginas no Facebook utilizavam variações como Anonymous Br e Anonymous SP. Como o Anonymous não possui uma estrutura organizada, é não há como saber quantas realmente eram “filiados” brasileiros.
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No Brasil, parte do grupo teve fama de flertar com o conservadorismo. A página AnonymousBr4sil, com mais de 1 milhão de seguidores, já demonstrou apoio a movimentos de direita, o que fez com que fosse atacada e descredibilizada por outros coletivos. Entretanto, em uma das ações recentes do grupo, mas em outro perfil (@AnonymouBrasil) no Twitter, que também alega fazer parte dos hacktivistas, atacaram parentes e aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na última segunda-feira (1º), considerado e auto intitulado conservador.
Foram divulgados supostos dados do próprio Bolsonaro, do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-SP), do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), do ministro da Educação, Abraham Weintraub, da ministra Damares Alves, do deputado estadual Douglas Garcia (PSC-SP), e do cofundador da Havan, Luciano Hang. Logo após a divulgação em uma de suas contas no Twitter, ela foi suspensa. Os documentos divulgados trazem informações como nome completo, endereços, telefones, número de título de eleitor, RG, e-mails, bens declarados, Cadastro de Pessoa Física (CPF) e dívidas registradas.