EUA supera 4 milhões de casos de coronavírus e pandemia segue forte na América Latina

O presidente Donald Trump, que minimizou durante meses o impacto da crise, classificou esta semana de "preocupante" a alta de casos no sul dos Estados Unidos, país com mais mortes por coronavírus no mundo
AFP
Publicado em 24/07/2020 às 7:11
Queens, em Nova York, Estados Unidos Foto: EDUARDO MUNOZ ALVAREZ/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/GETTY IMAGES VIA AFP


A pandemia alcançou novos números sombrios nesta quinta-feira (23), dia em que os Estados Unidos ultrapassaram a marca de 4 milhões de casos de COVID-19 e a Europa superou os 3 milhões, enquanto as contaminações diárias seguem fortes em outros países da América, como Brasil e Argentina.

O presidente Donald Trump, que minimizou durante meses o impacto da crise, classificou esta semana de "preocupante" a alta de casos no sul dos Estados Unidos, país com mais mortes por coronavírus no mundo (144.000).

Neste contexto de incerteza, Trump cancelou a "grande" convenção republicana prevista para Jacksonville, na Flórida, que serviria de palco para a oficialização de sua candidatura para as eleições presidenciais de novembro.

"Este momento não era o apropriado, não estava certo pelo que está ocorrendo recentemente, a alta [de casos de COVID-19] na Flórida. Não é o momento de abrigar uma grande convenção deste tipo", afirmou o presidente.

A Flórida, que registrou um recorde de 173 falecimentos em 24 horas, é um dos estados onde a pandemia avança com mais força nas últimas semanas no território americano.

Mais cedo, outros números, desta vez relacionados ao mercado de trabalho, foram publicados: o avanço desenfreado do vírus aumentou os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, chegando na semana passada a 1,4 milhão.

Os pedidos de auxílio, que ficaram acima das previsões dos analistas, apresentam o primeiro aumento desde abril, em um momento em que o Congresso americano começa a debater um novo pacote de estímulo econômico para impulsionar a economia.

 

 

Desde que surgiu no fim do ano passado em território chinês, a COVID-19 é responsável pela morte de mais de 628.000 pessoas e de 15,3 milhões de contaminações no mundo, segundo uma recontagem da AFP baseada em dados oficiais.

A marca de 4 milhões de casos também foi superada na quarta-feira na América Latina e no Caribe.

Entre tantos transtornos causados no mundo, na Bolívia o vírus obrigou o adiamento das eleições gerais de 6 de setembro para 18 de outubro.

As eleições darão à Bolívia um novo presidente eleito nas urnas, após a crise econômica que acompanhou a tomada de poder interinamente de Jeanine Áñez. O ex-presidente Evo Morales renunciou do cargo após as eleições de outubro do ano passado serem anuladas por irregularidades.

Morales, líder do Movimento ao Socialismo (MAS), tuitou da Argentina que a mudança de data representa "um novo golpe contra democracia" e acrescentou que "o governo de fato quer ganhar mais tempo para continuar a perseguição contra líderes sociais e candidatos do MAS".

A Bolívia registra mais de 64.000 infectados e 2.328 mortes pela COVID-19.

As preocupações se multiplicam também em outros países da América Latina diante do recorde de contaminações diárias. Entre eles, o Brasil, o mais afetado da região.

Segundo os números oficiais atualizados na noite desta quinta-feira, o país totaliza 2.287.475 casos e 84.082 óbitos, com um aumento de 59.961 contágios e de 1.311 mortes em 24 horas.

O México registrou nesta quinta 8.438 novos casos, o maior número em um dia desde que o vírus chegou ao país em fevereiro, elevando a 370.712 os contágios. Um total de 718 mortes foram registradas em 24 horas, totalizando 41.908 falecimentos.

A Argentina também sofre com um aumento recente do número de infectados no país (5.782 casos nas últimas 24 horas), em um momento em que são retomadas gradualmente as atividades em Buenos Aires e na região metropolitana da capital, onde se concentram cerca de 90% dos casos.

Com 141.887 casos e 2.617 mortes, as autoridades do país ligaram o alerta em relação à capacidade de seu sistema de saúde.

Até no Uruguai, elogiado pelas medidas adotadas para conter a pandemia, as autoridades se mostraram preocupadas com os últimos dados. O grupo científico que assessora o governo tentou acalmar os ânimos, ao classificar de "razoáveis" os casos de contaminações que surgiram com o retorno gradual da atividade no país, que tem 1.117 casos e 34 falecidos no total.

 

Já Quito se tornou nesta quinta-feira a cidade com maior número de casos no Equador. A capital equatoriana chegou a 11.900 contaminados, superando por pouco Guayaquil (11.788).

O Equador, com cerca de 17,5 milhões de habitantes, registra um total de 78.148 casos e 5.439 falecimentos confirmados.

No Peru, a situação também preocupa em Arequipa, segunda maior cidade do país, onde o sistema de saúde ficou sobrecarregado pela falta de leitos e oxigênio.

A situação levou o governo a assumir o controle dos hospitais da região, geralmente administrados por autoridades regionais.

 

 

A isso, soma-se o impacto econômico da pandemia, que mergulhou grande parte do mundo em recessão e está causando falências, desemprego e um preocupante aumento da pobreza.

A ONU considerou nesta quinta-feira que é "urgente" conceder uma renda mínima temporária aos mais pobres do mundo para interromper os efeitos da pandemia.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), cerca de US$ 199 bilhões por mês poderiam "fornecer uma renda mínima garantida por seis meses para os 2,7 bilhões de pessoas que vivem abaixo, ou logo acima da linha de pobreza, em 132 países em desenvolvimento".

A pandemia "agora está se espalhando a uma taxa de mais de 1,5 milhão de novos casos por semana, especialmente nos países em desenvolvimento, onde sete em cada 10 trabalhadores vivem, graças aos mercados informais, e não podem ganhar dinheiro, se permanecerem em suas casas", segundo a ONU.

Com a crise causada pela pandemia de COVID-19, o Fundo Monetário Internacional (FMI) espera uma recessão de 4,9% neste ano. Milhões de pessoas no mundo estão, ou estarão, desempregadas em 2020.

Para mitigar o impacto da pandemia, a União Europeia (UE) aprovou nesta semana um plano de recuperação e um orçamento para os próximos sete anos, apresentados nesta quinta-feira perante o Parlamento Europeu.

Embora o plano seja um triunfo para o bloco e mostre sua "solidez", de acordo com o presidente do Conselho, Charles Michel, também tem uma desvantagem.

O projeto, que prevê um fundo de 750 bilhões de euros (840 bilhões de dólares), baseado em uma mutualização da dívida, é "uma luz no fim do túnel. Mas com a luz também vêm as sombras. E, neste caso, a sombra é um orçamento escasso da UE a longo prazo (...) Este orçamento será amargo", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

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