Brasileira em Beirute achou que explosões fossem terremoto

A brasileira mora em um bairro localizado a cerca de sete quilômetros de distância do Porto
Da Redação com agências
Publicado em 04/08/2020 às 20:11
Os jornalistas foram proibidos de acessar a zona, segundo um correspondente da AFP. Foto: STR / AFP


As explosões na região portuária de Beirute que deixaram ao menos 73 mortos e quase 4 mil feridos na tarde desta terça-feira (4) pareceram "um terremoto", contou a brasileira Catharina Ghoussein, 23 anos, ao Estadão.

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Moradora de um bairro localizado a cerca de sete quilômetros de distância do Porto, no subúrbio da cidade, Catharina estava na sala de casa quando sentiu os tremores. "Minha mãe acordou e começou a ficar desesperada. Ouvimos um barulho que parecia de avião, achei que Israel tinha atacado o país", conta.

Muitas casas do bairro tiveram vidros e portas quebradas. "Saímos para o balcão para ver a situação dos nossos vizinhos e tinha muita gente na rua. Os animais (de estimação) estavam todos estressados".

As explosões foram causadas, segundo a AFP às 19h30 (no horário de Brasília) por cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio que foram armazenadas no depósito do porto de Beirute. A informação da agência de notícias é atribuida ao primeiro-ministro Hassan Diab. 

No Chipre, uma ilha mediterrânea situada a 180 quilômetros a noroeste de Beirute, os moradores relataram ter ouvido as duas grandes explosões em rápida sucessão.

Hospitais da cidade ficaram lotados e chegaram a recusar feridos por falta de capacidade para atendimento. "A situação está bem tensa, muita gente em Beirute está sem casa e tem muitos feridos", conta Catharina. "Os hospitais estão ficando saturados de pessoas machucadas".

Para ela, a explosão deve ter grandes consequências nos próximos dias. "O país já estava em uma crise econômica horrível, e toda a comida e os alimentos básicos vinham do porto de Beirute", conta. "Com essa explosão, tudo vai piorar. Muita gente vai passar fome".

O Líbano vive um colapso econômico – segundo o Banco Mundial, mais da metade da população do país vive hoje abaixo da linha da pobreza.

O governo do país declarou dia de luto nacional nesta quarta-feira, 5, e adiou o lockdown que se iniciaria na quinta.

Zona de desastre

O Conselho Superior de Defesa do Líbano, que reúne o presidente, o primeiro-ministro e a ministra da Defesa, "recomenda" ao governo decretar estado de emergência, segundo a agência nacional de informações ANI. "Uma catástrofe maior afetou o Líbano", lamentou o presidente Michel Aoun, ao início da reunião.

Itamaraty acompanha situação de brasileiros no local

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) emitiu nota oficial nesta terça-feira (4) em que manifesta solidariedade ao povo e ao governo do Líbano. 

De acordo com o Itamaraty, "não há, até o momento, notícia de cidadãos brasileiros mortos ou gravemente feridos". A pasta acompanha a situação por meio da embaixada brasileira no país, cuja sede fica a cerca de 8 quilômetros da zona onde ocorreu a explosão. Também foram disponibilizados números de telefone e e-mail para contato com a assistência consular no país e também em Brasília.

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