O mundo registrou mais de 30 milhões de casos de coronavírus, que se espalham pela Europa com uma taxa de transmissão "alarmante" e, por isso, países como Espanha e Reino Unido se preparam para anunciar novas medidas sanitárias a partir desta sexta-feira (18).
A partir de hoje, e por três semanas, Israel ficará submetida a um novo confinamento geral. Uma mudança que levou cerca de 400 pessoas às ruas de Tel Aviv na noite de quinta-feira, descontentes com a decisão anunciada na semana passada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
"Quando Netanyahu anunciou o reconfinamento, pensei em me matar!", disse Yael, uma manifestante. "A economia cai, as pessoas perdem seus empregos, ficam deprimidas. E para quê? De jeito nenhum", criticou.
Neste país, de nove milhões de habitantes, foram confirmadas 1.163 mortes por coronavírus. É também o país com o maior índice de infecções nas últimas duas semanas.
No mundo todo, foram registrados mais de 30 milhões de casos de covid-19, incluindo mais de 943.000 mortes, conforme balanço feito pela AFP na quinta-feira, com base em fontes oficiais.
Com 197.589 mortes, os Estados Unidos são o país mais afetado pela pandemia, à frente do Brasil (134.935 mortes) e da Índia (83.198 mortes). Esses três países agrupam metade dos pacientes contabilizados no mundo.
Na Europa, onde o número de novos casos é superior aos registrados em março e abril, o nível de transmissão foi considerado "alarmante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e levou autoridades de vários países a proporem medidas mais rigorosas.
"A única maneira de garantir que o país possa aproveitar o Natal é ser duro agora", disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em uma entrevista ao jornal "The Sun".
A partir desta sexta, em várias áreas do nordeste da Inglaterra, onde vivem quase dois milhões de pessoas, estará proibido o encontro entre pessoas de lares diferentes, os pubs não poderão servir no bar - apenas à mesa -, e todos os locais de entretenimento terão de permanecer fechados entre 22h e 17h.
Além disso, na Inglaterra, reuniões de mais de seis pessoas, incluindo crianças, estão proibidas.
Novas infecções explodiram no Reino Unido, o país com o maior número de mortes na Europa (quase 41.700). Os casos diários passam de 3.000 há vários dias.
Na Espanha, outro país duramente atingido com mais de 30.400 mortes, as autoridades da região de Madri reconheceram que se viram sobrecarregadas pelo ressurgimento galopante da pandemia.
Nas últimas semanas, a região, de 6,6 milhões de habitantes, concentra um terço dos novos casos e novos óbitos registrados no país.
"É preciso fazer o que for preciso para controlar a situação em Madri", disse o ministro da Saúde espanhol, Salvador Illa, na quinta-feira (17).
O número de pacientes explodiu nos bairros e cidades mais modestos da zona sul da capital, onde foram contabilizados mais de 1.000 novos casos para cada 100.000 habitantes nas últimas duas semanas. Uma incidência muito superior à média nacional (285), que já é uma das mais elevadas da Europa.
Diante do agravamento da situação, as autoridades regionais tiveram de anunciar, nesta sexta, novas restrições que entrarão em vigor a partir de sábado, ou segunda-feira.
O objetivo é "restringir a mobilidade e também diminuir a atividade em áreas (...) onde há maior transmissão do vírus", disse o chefe regional de Saúde, Antonio Ruiz Escudero.
Essa perspectiva reacendeu o fantasma de um reconfinamento, em uma cidade já posta à prova pelas severas medidas impostas aos espanhóis no auge da epidemia.
"Não vejo [um novo confinamento] com bons olhos por causa das lojas, dos pequenos comércios, dos 'barzinhos' que vivem disso, das escolas (...) As pessoas já estão muito agoniadas de ficar em casa. Foi muito duro o confinamento" (da primavera passada, outono no Brasil), comentou Maribel Quesada, uma aposentada de 55 anos que mora em Puente de Vallecas, um dos bairros mais afetados de Madri.
E, do outro lado do Atlântico, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, alertou para os riscos de retomada de uma vida "quase normal" e do relaxamento prematuro das restrições.
Na América Latina e no Caribe, o coronavírus já causou mais de 317.000 mortes e 8,5 milhões de infecções.
No Peru, país com mais de 750 mil casos de coronavírus, o toque de recolher noturno e no domingo será flexibilizado, diante da melhora dos números, anunciou o presidente Martín Vizcarra.
Enquanto isso, no Canadá, a província de Ontário adotou medidas dissuasivas contra festas privadas e reuniões informais, para evitar possíveis fontes de contágio. Os organizadores de reuniões de mais de dez pessoas em residências, e de mais de 25 pessoas, no exterior, poderão ser multados em no mínimo 10.000 dólares canadenses (em torno de US$ 7.600).