Quase 1 milhão de pessoas enfrentam nova quarentena em Madri devido a segunda onda do coronavírus

Cerca de 13% da população só poderão deixar seus bairros por razões de grande necessidade
AFP
Publicado em 21/09/2020 às 20:55
MADRI Turistas em rua que está com todos os restaurantes fechados. Máscara passou a ser obrigatória Foto: JAIME REINA/AFP


Quase 1 milhão de habitantes da região de Madri deverão "ficar em casa o maior tempo possível" a partir desta segunda-feira (21), para conter a segunda onda da pandemia, enquanto os Estados Unidos se aproximavam de 200 mil mortes causadas pelo novo coronavírus.

Os moradores das zonas mais atingidas de Madri - 850.000 pessoas, ou 13% da população - só poderão deixar seus bairros por razões de grande necessidade, como seguir até o trabalho, ir ao médico ou levar os filhos à escola, mas poderão circular livremente dentro de sua vizinhança, embora autoridades regionais recomendem "que permaneçam em casa o maior tempo possível".

Da mesma forma, a entrada nessas áreas está proibida, exceto pelas mesmas razões de necessidade. As medidas serão aplicadas por duas semanas.

Nesses bairros ou municípios, localizados na zona sul, a mais pobre, da capital, os parques ficarão fechados, enquanto os bares e restaurantes terão que limitar sua capacidade a 50%. Não se trata de confinamento em domicílio, como na primavera passada.

"Não penso em nenhum confinamento no país", disse o chefe de governo, o socialista Pedro Sánchez. "É verdade que não podemos fechar nenhuma porta, porque, obviamente, o vírus é um agente desconhecido (...), mas acredito que, agora, temos os meios para conter e achatar a curva de infecções", acrescentou.

Sánchez reuniu-se nesta segunda-feira com a presidente conservadora da região de Madri, Isabel Díaz Ayuso, muito criticada pela gestão da crise.

"Temos a impressão de que zombam de nós: podemos continuar trabalhando em outras áreas, que não estão confinadas, apesar do risco de aumentar as infecções, e também podemos nos infectar em nossa área", denunciou Bethania Pérez, enfermeira de 31 anos, durante uma manifestação contra as medidas.

Enquanto o mundo aguarda uma vacina contra o coronavírus, mais de 60 países ricos aderiram ao dispositivo da OMS para facilitar o acesso dos países pobres à mesma, segundo uma lista publicada nesta segunda-feira. Mas os Estados Unidos, que confirmaram oficialmente sua retirada da OMS no início de julho, e a China, onde os primeiros casos do novo coronavírus foram detectados no final de dezembro de 2019, não estão na lista.

 

Os Estados Unidos continuam sendo o país mais afetado do mundo, com 199.743 mortos, de acordo com dados atualizados divulgados neste domingo à noite pela Universidade Johns Hopkins.

No país, o coronavírus fez com que a cerimônia do Emmy ocorresse em formato virtual inédito. O chamado Oscar da televisão foi o experimento perfeito, tendo em vista a temporada de premiações de Hollywood em 2021.

As estrelas das séries de televisão assistiram à premiação de suas casas. "Bem-vindos ao pandemmys!", afirmou o apresentador Jimmy Kimmel.

Na Índia, segundo país com mais casos de coronavírus, o Taj Mahal, joia arquitetônica da arte indo-islâmica, reabriu nesta segunda-feira, após seis meses.

O governo indiano está gradualmente flexibilizando as medidas para dar um alívio à economia, embora o país registre atualmente quase 100.000 novos casos todos os dias.

"Na Índia, e em todo o mundo, as pessoas estão ficando fartas das medidas extremas tomadas para deter o avanço do coronavírus", explicou à AFP Gautam Menon, professor de Física e Biologia da Universidade de Ashoka, que espera um aumento dos casos.

O segundo país com mais mortes e o terceiro com mais casos é o Brasil, onde foram registrados oficialmente 137.272 óbitos e 4.558.068 infecções.

 

A pandemia causou a morte de pelo menos 962.220 pessoas em todo o mundo desde o fimde dezembro, de acordo com um balanço da AFP com base em dados oficiais.

A situação parece preocupante na Bélgica, onde o número de casos positivos ultrapassou 100.000 neste domingo; na França, onde mais de 10.000 novos casos foram identificados em 24 horas; e no Líbano, onde as infecções aumentaram desde a explosão de 4 de agosto no porto de Beirute.

"Eu não consigo dormir. Os números do coronavírus são chocantes", disse o médico Firass Abiad, diretor do Hospital Universitário Rafic Hariri, em Beirute. Embora já esperasse uma alta no número de casos, "o aumento acentuado das mortes, incluindo a de um jovem de 18 anos, foi uma notícia terrível", acrescentou.

Em Israel, país que voltou ao confinamento na última sexta-feira, milhares de manifestantes foram autorizados a protestar em Jerusalém na noite deste domingo para exigir a renúncia do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção e criticado por sua administração da crise sanitária.

O novo confinamento generalizado, previsto para durar pelo menos três semanas, desperta o descontentamento de grande parte da população.

Para o príncipe Charles, herdeiro da coroa britânica, a pandemia deve ser vista como um "aviso de que não podemos ignorar" as ameaças que as mudanças climáticas representam para o planeta.

"A crise (ambiental) existe há muitos anos, denunciada, denegrida e negada", advertiu no domingo.

 


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