A Organização Pan-Americana da Saúde alertou nesta quarta-feira que a Covid-19 continuará a se propagar mesmo após uma vacina, e pediu que os países se preparem para imunizar a população sem baixar a guarda com as medidas tomadas para conter as infecções.
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Carissa Etienne, diretora da Opas, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse que além dos cientistas descobrirem uma vacina "eficaz" e "solução durável" contra a covid-19, os países devem "ser realistas" sobre seu escopo imediato.
"Este vírus continuará a se espalhar e as pessoas continuarão a ficar doentes, mesmo quando uma vacina for distribuída", disse em uma entrevista coletiva. "Portanto, não podemos colocar todas as nossas esperanças apenas nas vacinas. Como tantas vezes acontece na saúde pública, não há solução mágica", ressaltou.
Carissa pediu que se mantenha a confiança nas diretrizes impostas para minimizar a propagação do vírus: testes diagnósticos, rastreamento de contato e quarentena, bem como distanciamento físico, lavagem frequente das mãos e uso de máscaras em público.
"Peço aos países de todo o mundo a se prepararem para uma vacina contra o coronavírus, mas também a serem realistas, sabendo que essas preparações não substituem tudo o mais que devemos fazer para salvar vidas hoje", enfatizou.
Carissa lamentou as mais de 200 mil mortes causadas pela Covid-19 nos Estados Unidos e lembrou que Brasil, Peru, Colômbia, México e Argentina se mantêm entre os 10 países com maior número de casos no mundo.
Com quase 28% dos 31,6 milhões de casos confirmados e um terço das mais de 971 mil mortes registradas globalmente, a América Latina segue sendo a região mais afetada pela doença. Ciro Ugarte, diretor de Emergências Sanitárias da OPS, pediu, especialmente, que se mantenha a precaução, para evitar novos surtos, como os que a Europa experimenta.
Dezenas de vacinas estão em desenvolvimento no mundo, mas apena 10 se encontram na fase 3 dos testes clínicos. A OMS, em coordenação com o grupo da aliança mundial de vacinas Gavi e a Coalizão para as Inovações na Preparação ante Epidemias (Cepi, sigla em inglês), criou um mecanismo destinado a garantir uma distribuição igualitária das futuras vacinas contra a Covid-19. O objetivo é que o mecanismo, conhecido como Covax, disponha de 2 bilhões de doses de vacinas seguras até o fim de 2021.
Segundo Carissa, o Covax oferece acesso a uma cesta de 15 possíveis vacinas. "Através do Covax, serão garantidas aos países participantes doses iniciais para cobrir ao menos 3% de sua população nas primeiras fases da distribuição, até atingir 20% da população", o suficiente para proteger as pessoas de maior risco", explicou.
Até o momento, 156 países se uniram ao Covax, mas nem os Estados Unidos, nem a China, maiores potências econômicas mundiais, estão entre eles. Segundo Carissa, na região das Américas, 14 países e territórios se somaram: Argentina, Bahamas, Belize, Bermudas, Ilhas Cayman, Chile, Colômbia, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, São Cristóvão e Nevis, Turks e Caicos e Venezuela.
Dez membros da Opas são elegíveis a receber o apoio do Covax: Bolívia, Dominica, El Salvador, Granada, Guiana, Haiti, Honduras, Nicarágua, Santa Lucia e São Vicente e Granadinas.
Brasil, Antigua e Barbuda, Ilhas Virgens Britânicas, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Equador, Guatemala, Jamaica, México, Montserrat, Trinidad e Tobago e Uruguai também confirmaram sua intenção de participar, assinalou Carissa.