Mais de um milhão de pessoas morreram na pandemia de covid-19, que teve origem no fim de 2019 na China e que se propagou por todo o mundo, e que agora acelera de maneira vertiginosa na Índia, que superou nesta segunda-feira (28) a marca de seis milhões de casos.
O mundo registrou nos últimos meses imagens como as covas coletivas no Brasil, um necrotério improvisado em uma pista de patinação de gelo em Madri e caminhões frigoríficos com cadáveres nas ruas de Nova York.
Até o momento foram confirmadas oficialmente 1.001.854 mortes no planeta, de um total de 33.150.844 casos detectados, enquanto 22.746.058 pessoas foram curadas, de acordo com um balanço da AFP com base em números oficiais dos países.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que as mortes por covid-19 podem dobrar e alcançar dois milhões, caso as medidas para evitar a propagação do vírus não sejam mantidas.
Apesar dos confinamentos decretados em determinados momentos, e depois flexibilizados, e outras decisões adotadas, muitos países não conseguiram frear a pandemia, que está provocando desastrosas consequências econômicas e aumentou as divisões políticas.
As regiões mais afetadas em número de mortes são América Latina e Caribe (341.616 vítimas fatais, de 9.210.942 casos), Europa (230.063; 5.288.153) e Estados Unidos e Canadá (214.063; 7.268.105).
Os países com mais mais óbitos são Estados Unidos (204.724), Brasil (141.741) e Índia (95.542).
Mas a lista de mortes em relação à população é liderada pelo Peru (975 vítimas fatais por milhão de habitantes), seguida por Bélgica (861), Bolívia (671) e Espanha (668).
Além da frieza dos números, a consequência mais devastadora é o vazio deixado pelas pessoas que morreram, já que muitos lutos aconteceram sem que os parentes tivessem condições de acompanhar a vítima na parte final da doença ou sem uma despedida após a morte, devido às medidas sanitárias.
"Nem em meus piores pesadelos imaginei que passaria por isto", declarou Mónica, de 45 anos, ao recordar que teve que certificar com sua assinatura que o corpo que seria cremado era o de seu pai, Oscar Farías, que faleceu em Buenos Aires em 27 de abril aos 81 anos, sem poder sequer observar o caixão.
Em 11 de janeiro, a China registrou oficialmente a primeira morte por Sars-CoV-2, vírus responsável pela covid-19, que se propagou rapidamente na província de Wuhan, onde foi detectado em dezembro. Em um mês, a China registrou mais de 1.000 mortes, um balanço mais grave que o deixado pela SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que circulou na Ásia em 2002-2003 e matou 774 pessoas.
A partir de fevereiro, o vírus começou a provocar mortes fora da China e sua aceleração foi exponencial, primeiro na Europa, que agora observa uma segunda onda, e depois no continente americano, onde os números de casos e mortes permanecem elevados desde junho.
A resposta dos governos foi drástica na grande maioria dos casos. Em meados de abril, quase 60% da população mundial, 4,5 bilhões de pessoas, foi afetada por algum tipo de confinamento.
As consequências econômicas do confinamento, inédito na história, chegaram a todos os cantos do planeta. Comércios fechados, ruas desertas, aeroportos vazios, problemas de abastecimento nos mercados: o mundo nunca havia passado por algo parecido. Em junho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) calculou que o PIB mundial registraria contração de 4,9% em 2020. Em um ano, o setor aéreo perdeu 92% do volume de voos.
Os grandes eventos esportivos foram interrompidos e os Jogos Olímpicos de Tóquio adiados para 2021, sem a certeza absoluta de que serão organizados.
Com 6,1 milhões de contágios, a Índia pode ultrapassar nas próximas semanas os Estados Unidos (7,2 milhões) e virar o país do mundo com mais casos oficialmente registrados. O país, de 1,3 bilhão de habitantes, tem algumas das cidades mais densamente habitadas do planeta. Desde o fim de agosto o país confirmou entre 80.000 e 90.000 novos casos diários, registrando assim uma das taxas mais elevadas do mundo.
No domingo, o primeiro-ministro Narendra Modi pediu aos indianos que continuem usando máscaras ao sair de casa. "Estas normas são armas em uma guerra contra o coronavírus. São ferramentas potentes para salvar as vidas dos cidadãos", insistiu Modi durante seu discurso mensal na rádio.
Na Ásia, onde foram registradas menos de 100 mortes por dia até meados de abril, a alta é contínua desde então, principalmente pela situação na Índia.
A nível mundial, a curva está em um "platô" desde junho, com quase 5.000 mortes por dia, de acordo com os números oficiais.
Patrick Vogt, médico de Mulhouse, cidade do leste da França que se tornou o principal foco no país em março, recorda o momento terrível em que percebeu que o coronavírus estava em todas as partes. Outros médicos começaram a ficar doentes, alguns morreram. Não era apenas uma gripe, como alguns acreditaram, e sim uma "doença mortal".
Diversos laboratórios do mundo trabalham para desenvolver uma vacina. Na quinta-feira, o grupo biotecnológico americano Novavax anunciou que iniciou no Reino Unido um teste clínico de fase final para sua potencial imunização. Esta é a 11ª vacina experimental do mundo que entra na fase final dos testes clínicos.
O número de um milhão de mortos pela pandemia do novo coronavírus é muito maior que o de outros vírus recentes, como a gripe A (H1N1), também chamada de "gripe suína", que em 2009 provocou oficialmente 18.500 óbitos, mas menor que o da terrível "gripe espanhola" do século passado.
A grande gripe de 1918-1919, conhecida como "gripe espanhola" (causada por um novo vírus) foi uma hecatombe: em três ondas a doença provocou um total estimado de 50 milhões de mortes, de acordo com dados publicados no início dos anos 2000.