Há dez anos, resgate dos 33 mineiros do Chile surpreendia o mundo

Os mineiros ficaram presos durante 69 dias a mais de 600 metros de profundidade
AFP
Publicado em 13/10/2020 às 18:04
Há dez anos, 33 mineiros foram resgatados de uma mina dentro da cápsula Fênix. Foto: CLAUDIO REYES/AFP


O resgate há uma década dos 33 mineiros do Atacama, no norte do Chile, ocorreu "em meio a uma grande tensão e com adrenalina total", lembra Manuel González, o primeiro socorrista a entrar e o último a sair da mina.

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Nunca antes se realizou tal feito: retirar 33 mineiros presos durante 69 dias a mais de 600 metros de profundidade na antiga mina San José, em pleno deserto do Atacama.

Manuel González, um experiente socorrista voluntário e que trabalha na mina de cobre El Teniente, foi escolhido para ser o primeiro a descer ao local no dia do resgate: em 13 de outubro de 2010, quando os olhos do mundo se voltaram para o pequeno buraco de 66 cm de largura, de onde os 33 sairiam um a um.

Aos 46 anos, Manuel realizou uma operação de resgate que, segundo ele, mudou sua vida.

"Vivi o nascimento dos meus dois filhos e essa foi uma das sensações especiais que senti quando cheguei lá embaixo, uma sensação de alegria e de ansiedade. Sou muito sentimental e tive que me manter firme para não quebrar", contou González à AFP em sua casa na cidade de Rancagua, a cerca de 80 km ao sul de Santiago.

Nessa primeira descida na chamada "cápsula Fénix", de quatro metros de altura e cerca de 450 kg de peso, ele demorou 17 minutos para percorrer os 622 metros que separavam os mineiros da superfície.

"A maioria chorou e se emocionou muito, houve gritos de agradecimento, muitos religiosos se ajoelharam; então, foi muito emocionante para mim", lembra González.

Mas um novo deslizamento logo após o início do resgate dramatizou uma operação acompanhada ao vivo por mais de 1 bilhão de espectadores no mundo, cujo impacto midiático foi comparado à chegada do homem na Lua.

Uma rocha de uma tonelada se desprendeu perto da área onde os mineiros subiam à cápsula e "tivemos que fechar aquele setor e passar por outro lado quando precisaram sair", explica González.

Junto a ele, outros cinco socorristas desceram à mina para examinar o estado físico e mental dos mineiros e explicar como a operação seria realizada.

Emoção em Esperança

Do lado de fora, mais de 3.500 pessoas, entre elas 2.000 jornalistas do mundo inteiro, aguardavam o desfecho desta história única de sobrevivência no "Acampamento Esperança", montado inicialmente pelas famílias dos mineiros à espera de notícias, mas que com o decorrer dos dias tornou-se uma pequena cidadela, com colégio e restaurante.

María Segovia, irmã do mineiro Darío Segovia, foi uma das primeiras a chegar ao local para exigir às autoridades que os resgatassem com vida. Por conta disso, foi apelidada de "prefeita" do Acampamento Esperança.

Horas antes do início do resgate, uma enorme bandeira foi colocada como uma cortina para cobrir o local de saída dos mineiros e, desse modo, preservar sua privacidade. Mas foi o próprio presidente Sebastián Piñera quem ordenou sua remoção para que fossem vistos pelo mundo.

Manuel González e seus cinco colegas socorristas aguardaram mais algumas horas no interior da mina, antes de deixá-la tal e como encontraram, completando uma operação de resgate bem-sucedida e impecável.

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