Papa Francisco defende união civil entre homossexuais: "São filhos de Deus e têm direito a uma família"

O reconhecimento do pontífice foi feito em um documento apresentado nesta quarta-feira (21)
AFP
Publicado em 21/10/2020 às 14:18
Francisco aborda novamente um tema que divide a Igreja e sobre o qual já se referiu em várias ocasiões com uma mentalidade mais aberta. Foto: Foto: Agência CNJ


O papa Francisco reconheceu em um documentário apresentado nesta quarta-feira (21) no Festival de Cinema de Roma que as pessoas homossexuais devem ser protegidas por leis civis para os casais do mesmo sexo.

 

"As pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família, são filhos de Deus, possuem direito a uma família. Não se pode expulsar ninguém de uma família, nem tornar sua vida impossível por isso. O que temos que fazer é uma lei de convivência civil, eles têm direito a estarem legalmente protegidos. Eu defendi isso", explica o papa no documentário dirigido pelo americano de origem russa Evgeny Afineevsky.

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Com essas palavras, o papa argentino aborda novamente um tema que divide a Igreja e sobre o qual já se referiu em várias ocasiões com uma mentalidade mais aberta.

"Desde o início do pontificado, o papa fala de respeito aos homossexuais e que é contra sua discriminação. A novidade hoje é que defende como papa uma lei para as uniões civis", explicou à Rainews a vaticanista Vania de Luca.

Após sua eleição em 2013, o papa Francisco adotou um tom mais tolerante em relação aos homossexuais, lançando sua famosa frase "Quem sou eu para julgar?" e recebendo casais homossexuais em várias ocasiões no Vaticano.

O documentário, de duas horas de duração, percorre os sete anos de pontificado e suas viagens com depoimentos e entrevistas.

Entre os momentos mais emocionantes do filme, o papa faz uma ligação para um casal homossexual, com três filhos pequenos, em resposta a uma carta que recebeu deles na qual contam a vergonha que sentem por levar seus filhos à paróquia.

Francisco os convida a continuar comparecendo à igreja independentemente dos julgamentos dos demais.

Outro depoimento comovente é o do chileno Juan Carlos Cruz, vítima e ativista contra os abusos sexuais, que acompanhou nesta quarta-feira o diretor na exibição do filme em Roma.

"Quando conheci o papa Francisco, ele me disse que sentia muito pelo ocorrido. Juan, foi Deus quem te fez gay e em todo caso te ama. Deus te ama e o papa também te ama", conta Cruz no filme.

Afineevsky, que compareceu hoje à audiência geral do papa no Vaticano, ganhou com o documentário "Francesco" o prêmio Kineo da humanidade, destinado àqueles que promovem questões sociais e humanitárias.

O diretor foi indicado a um Oscar e um Emmy em 2016 por "Winter of Fire" e em 2018 recebeu três indicações ao Emmy por "Cries from Syria".

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