As pesquisas eleitorais subestimaram o desempenho do presidente Donald Trump, mas não erraram ao apontar o favoritismo de seu adversário, Joe Biden. Apesar da margem de vantagem ser menor que a prevista e da derrota inesperada em alguns Estados, o candidato democrata passou todo o dia seguinte à votação como o mais cotado na corrida para superar os 270 votos no colégio eleitoral e conquistar a Casa Branca.
O agregador de pesquisas do Estadão, que chegou ao dia da eleição dando 80% de chances de vitória para Biden, continuou indicando um resultado próximo a isso ao ser alimentado com dados reais da apuração.
Na noite de terça-feira, 3, quando havia 26 Estados com o vencedor definido, o modelo estatístico do agregador ainda apontava Biden como vencedor de 78 de cada 100 eleições simuladas, mesmo com sua derrota na Flórida.
No início da madrugada, com mais de 30 Estados definidos, a probabilidade de o democrata vencer subiu para 85%. Essa taxa se manteve no início da tarde desta quarta-feira, quando havia apenas seis Estados no mapa eleitoral ainda não pintados de vermelho ou azul, as cores dos republicanos e democratas, respectivamente.
Quando Michigan e Wisconsin se definiram para o lado de Biden, ficando em jogo apenas Nevada, Geórgia, Carolina do Norte e Pensilvânia, a probabilidade de vitória foi para 90%.
Lançado na reta final da campanha eleitoral, o agregador fez a cada dia 10 mil eleições simuladas (por computador) para avaliar as chances dos presidenciáveis naquele momento.
O modelo estatístico do agregador foi desenvolvido pelo cientista político Guilherme Jardim Duarte, doutorando na Universidade Princeton e ex-integrante do Estadão Dados, o núcleo de jornalismo de dados do Estadão. Os resultados de pesquisas foram coletados no site FiveThirtyEight, do estatístico Nate Silver, que também desenvolveu seu próprio agregador e que, no dia da eleição, atribuiu a Biden 89% de chances de vitória.
O modelo estatístico do Estadão, ao calcular a média das pesquisas em cada Estado, deu peso maior aos levantamentos mais recentes. O mesmo ocorreu em relação aos resultados de institutos que acertaram ou ficaram mais próximos dos resultados de 2016, quando Trump derrotou Hillary Clinton.
Nas simulações, os delegados de cada Estado no colégio eleitoral foram distribuídos de acordo com os resultados possíveis indicados pelas pesquisas, considerando suas margens de erro. Em um Estado na qual a média das pesquisas indicava uma disputa apertada, por exemplo, em aproximadamente metade das simulações os delegados iam para Biden, e para Trump na outra metade. Quando as pesquisas indicavam vitória folgada, o favorito era o mais contemplado.
Depois de feitas as 10 mil simulações, o modelo calculava a mediana da distribuição mais provável de delegados para cada candidato. Mediana é o número que fica no ponto central de um conjunto de valores ordenados. Se há, por exemplo, 13 itens ordenados do menor para o maior, a mediana estará na posição 7.
No dia da eleição, a mediana de delegados atribuídos a Biden era 351 - uma quantidade que ele não alcançará, e que é um forte indicativo de que as pesquisas superestimaram seu desempenho.
Na série de simulações feitas no último dia, o número de delegados do candidato democrata foi de 226 (hipótese em que seria derrotado) até 442. O total de delegados no colégio eleitoral é de 538, e um candidato precisa conquistar ao menos 270 para vencer.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.