Os dados preliminares sobre a eficácia de uma vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Pfizer e BioNTech constituem "a melhor notícia científica do ano", afirmou à AFP o diretor-geral da federação internacional de empresas farmacêuticas.
"Uma vacina que é 90% eficaz e bastante segura é um avanço histórico", disse Thomas Cueni, diretor da International Federation of Pharmaceutical Manufacturers and Associations (IFPMA), em entrevista na quarta-feira (11).
Uma onda de esperança varreu o mundo na segunda-feira, quando o grupo americano e seu parceiro alemão anunciaram que a vacina que estão desenvolvendo é 90% eficaz, de acordo com dados preliminares, embora ainda esteja sendo testada em voluntários humanos como parte da etapa final do projeto, denominada fase 3.
Os mercados de ações dispararam na esperança de que a pandemia da covid-19, que custou a vida de quase 1,3 milhão de pessoas e infectou dezenas de milhões em todo o mundo, além de causar uma catástrofe econômica global, possa ser definitivamente controlada.
"Ainda não vimos os dados completos sobre eficácia e segurança, mas acho que há motivos para estar otimista", disse Cueni.
Nesse sentido, ressaltou que qualquer efeito adverso, mesmo que ocorra apenas em um voluntário, é divulgado na imprensa e que, se houvesse um problema significativo com a vacina Pfizer-BioNTech, ele teria sido tornado público.
"Acho que podemos estar realmente otimistas de que essas vacinas são seguras", considerou.
Cueni se mostrou satisfeito porque "há motivos para pensar que esta não será a única" vacina.
"Veremos mais bons resultados", disse ele.
Embora muitas perguntas ainda não tenham sido respondidas, como por quanto tempo a vacina é eficaz ou do que exatamente ela protege, a notícia causou "verdadeiro otimismo", segundo a federação.
Atualmente, há mais de 40 vacinas em vários estágios de desenvolvimento baseadas em diferentes técnicas, algumas das quais já estão em estágio final, quando testadas em humanos.
A Rússia já começou a usar a vacina que desenvolveu há várias semanas.
Segundo Cueni, os dados sobre a eficácia e segurança de outras quatro vacinas, desenvolvidas pelos laboratórios Moderna, AstraZeneca, Novavax e Johnson & Johnson, devem ser publicados em breve.
"Tudo deve [ser publicado] no final do ano ou em janeiro ou fevereiro do próximo ano", explicou.
Além disso, Cueni destacou um ponto importante: as vacinas protegerão apenas o imunizado ou evitarão que os vacinados transmitam a doença?
Esta é uma questão que, no momento, não tem resposta, mas que determinará a rapidez com que o mundo poderá alcançar a famosa imunidade coletiva.
Outro desafio é a produção de bilhões de doses, mas Cueni indicou que os grandes grupos adaptaram suas capacidades de produção e que cada um será capaz de produzir 1 bilhão de doses no próximo ano, assim que as vacinas forem aprovadas pelas autoridades sanitárias.
Por outro lado, quanto à dificuldade de vacinar em larga escala e em tempo recorde, Cueni expressou preocupação com o ceticismo que as vacinas despertam em muitos países.
O diretor do IFPMA afirmou que os grupos farmacêuticos que ele representa estão cientes desse problema e têm demonstrado uma transparência sem precedentes.
Além disso, considerou que o fato de o setor ser favorável a verificações independentes deterá possíveis suspeitas de interferência política nos processos de aprovação, tanto nos Estados Unidos como em outros lugares.