EUA

Joe Biden completa 78 anos dois meses antes de sua chegada à Casa Branca

O novo presidente dos Estados Unidos tomará posse em 20 de janeiro de 2021
AFP
Publicado em 20/11/2020 às 15:16
Joe Biden tem 77 anos e nasceu na Pensilvânia Foto: AFP


O político democrata Joe Biden comemora seu 78º aniversário nesta sexta-feira (20), dois meses antes do dia de sua chegada à Casa Branca, onde sucederá ao presidente Donald Trump. O ex-vice-presidente de Barack Obama tomará posse em 20 de janeiro de 2021, tornando-se o presidente mais velho a ocupar o cargo na história dos Estados Unidos

Sua equipe de campanha não anunciou nenhum evento específico para o aniversário. Em sua agenda para este dia, está uma reunião, em seu reduto de Wilmington, Delaware, com a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e com o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer.

O democrata Joe Biden sofreu profundas perdas pessoais e viu suas primeiras ambições políticas obstruídas, mas sua promessa de unificar os Estados Unidos finalmente o levou à presidência, após quase meio século em Washington. Em sua terceira disputa à presidência, sua vitória contra Donald Trump no dia 7 de novembro foi o culminar de uma longa carreira política para conciliar uma nação profundamente polarizada.

Rara vez os perfis dos dois candidatos à presidência dos Estados Unidos foram tão diferentes, mas na disputa de 2020 a personalidade amigável de Biden, com sua origem modesta, se opôs à personalidade exultante de Trump, um empresário que nasceu em um círculo de privilégios mas que insiste ser o o candidato 'outsider'.

Em sua longa ambição de chegar à Casa Branca, que começou há décadas e inclui duas tentativas infrutífera, este político otimista com base eleitoral em Delaware afirma que pode mudar o estado de espírito dos Estados Unidos, passando da "raiva e suspeita à dignidade e respeito".

Confiante, acumulou os votos eleitorais necessários durante quatro longos dias de contagem após as eleições de 3 de novembro, incluindo os de Delaware, onde reside, e os grandes da Califórnia e Nova York, além da capital americana. Agora, o 46º presidente eleito dos Estados Unidos tem muito trabalho pela frente.

Aos 78 anos, vai herdar um país afetado por uma pandemia que avança e provocou mais mortes que em qualquer outro país, assim como uma presidência que considera manchada pelas "mentiras" de Donald Trump. Biden entrou para a política nacional aos 29 anos, quando conseguiu uma surpreendente eleição como senador por Delaware em 1972.

Mas apenas um mês depois uma tragédia abalou sua vida, quando sua primeira esposa, Neilia Hunter, e sua filha de um ano morreram em um acidente de carro quando saíram para comprar uma árvore de Natal. Seus dois filhos ficaram gravemente feridos, mas sobreviveram ao acidente. O mais velho, Beau, morreu vítima de câncer em 2015. As tragédias ajudaram a cimentar a empatia com a opinião pública americana.

Suas habilidades são polivalentes. Da mesma forma que sorri em um auditório lotado de estudantes universitários, Biden é capaz de conectar-se com operários de áreas em crise econômica ou expressar duras críticas aos rivais.

Esta habilidade foi cerceada em 2020, quando a crise do coronavírus freou a campanha presencial e o deixou confinado em casa, local do qual saiu poucas vezes nas últimas semanas. Ele não tem a mesma força que durante os oito anos em que foi vice-presidente de Barack Obama e, apesar de conservar o sorriso de comercial, seus passos são mais lentos.

Os críticos e os próprios democratas questionaram durante a campanha se a sua propensão a gafes seria um destaque durante a campanha contra Trump. O presidente de 74 anos explorou o tema e o chamou de "Joe, o dorminhoco". Também o acusou de sofrer uma deterioração cognitiva.

Biden tentou responder os ataques e, em um momento de frustração depois que o presidente o interrompeu diversas vezes no primeiro debate da campanha, questionou exasperado: "Cara, você não vai se calar?". Quando foi eleito pela primeira vez, era um dos senadores mais jovens no Capitólio, onde passou décadas antes de ser o vice-presidente de Obama por oito anos.

A mensagem de Biden se articula em grande medida em associação com seu estilo moderado durante o governo de Obama, mas durante a campanha prometeu que como presidente adotará posturas mais progressistas nas áreas da mudança climática, justiça racial e alívio da dívida estudantil

Mas Biden quase não conseguiu a designação democrata. Apesar de ter iniciado a disputa como favorito, muitos o descartaram por ser considerado velho, muito moderado e sua campanha parecia destinada ao desastre após as primeiras votações das primárias, vencidas por Bernie Sanders.

Mas com a primária da Carolina do Sul e o apoio dos eleitores negros, Biden retornou à disputa. A disputa marcou um grande contraste com sua tentativa de 1988, quando desistiu das primárias depois da vergonha provocada pela descoberta de que havia plagiado um discurso.

Na tentativa de 2008 também foi mal e recebeu menos 1% dos votos no caucus de Iowa, que marca o início da corrida. Naquele ano foi escolhido como candidato a vice de Obama, para quem passou a ser o "guerreiro feliz dos Estados Unidos". Após a vitória, Obama o designou coordenador da recuperação da profunda recessão que afetava o país. Os dois discordavam sobre a guerra no Afeganistão e Biden foi contrário ao aumento do número de tropas.

PERFIL NEGOCIADOR

Em seus 30 anos no Senado, Joe Biden foi conhecido pelas alianças improváveis e, assim como Trump, por sua propensão a sair do roteiro. Suas escolhas durante a longa carreira provocaram críticas dos democratas, incluindo de sua candidata a vice, Kamala Harris, que recordou durante as primárias a oposição do senador a um sistema contra a segregação nas escolas que consistia em levar crianças negras para colégios predominantemente brancos.

Também foi muito criticado por ajudar na redação de uma lei de 1994 que muitos democratas acreditam que provocou a detenção de uma quantidade desproporcional de cidadãos negros. Recentemente Biden reconheceu que esta iniciativa foi um erro.

Outros episódios no Senado também jogaram uma sombra sobre sua campanha, como o apoio à guerra do Iraque em 2003 e seu papel na audiência de confirmação do juiz da Suprema Corte Clarence Thomas em 1991, quando foi questionado sobre a maneira como abordou as acusações assédio sexual contra o magistrado.

No ano passado, uma polêmica sobre sua tendência de tocar as mulheres também abalou a campanha. Biden pediu desculpas e prometeu levar em consideração no futuro o "espaço pessoal" das mulheres. Sua narrativa pessoal e suas histórias familiares estão conectadas de tal maneira como seu discurso político que se transformaram em parte de sua imagem.

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