Um ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos pediu ao presidente eleito Joe Biden que reforme o sistema que dá o controle exclusivo do arsenal nuclear do país ao presidente, um sistema "desatualizado, desnecessário e extremamente perigoso".
O pedido de William Perry veio no mesmo dia que a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, conversou com o principal líder militar do país sobre como garantir que um "desequilibrado" Donald Trump não seja capaz de lançar um ataque nuclear em seus últimos dias no cargo.
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"Uma vez no cargo, Biden deveria anunciar que dividirá a autoridade para usar armas nucleares com um grupo seleto no Congresso", cogitou Perry em artigo escrito para a revista Politico. Perry acredita que Biden, que assumirá o cargo em 20 de janeiro, também deve declarar que os Estados Unidos nunca iniciarão uma guerra nuclear e usariam a bomba apenas em retaliação.
O artigo argumenta que o sistema atual dá ao presidente - qualquer presidente - "o poder divino de causar destruição global em um instante", uma abordagem que o autor chama de "antidemocrática, desatualizada, desnecessária e extremamente perigosa".
Perry, que foi secretário de Defesa de 1994 a 1997 durante o governo de Bill Clinton, chama Trump de "desequilibrado" e acrescenta: "Será que realmente achamos que Trump é responsável o suficiente para confiar nele o poder de acabar com o mundo?"
Os presidentes americanos são acompanhados o tempo todo por um assessor militar que carrega uma pasta com os códigos secretos e as informações necessárias para lançar um ataque nuclear. Perry alerta que os presidentes possuem "autoridade absoluta para iniciar uma guerra nuclear.
"Em minutos, Trump pode lançar centenas de bombas atômicas, ou apenas uma. Ele não precisa de uma segunda opinião. O secretário de Defesa não tem voz. O Congresso não tem papel." Tanta autoridade presidencial, observa o artigo, data dos dias finais da Segunda Guerra Mundial, quando o presidente Harry Truman decidiu, após o horror nuclear desencadeado pelo bombardeio de Hiroshima e Nagasaki no Japão, que o poder de ordenar o uso de armas atômicas não deve ser deixado nas mãos dos militares, mas sim apenas do presidente.