ESTADOS UNIDOS

Trump garante que não será destituído e pede calma

Há uma pressão para que o presidente dos Estados Unidos seja removido do cargo antes do fim do seu mandato

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AFP

Publicado em 12/01/2021 às 23:13 | Atualizado em 12/01/2021 às 23:13
Final do mandato do ex-presidente americano foi marcado por polêmicas, como o ataque ao Capitólio e os altos números de morte por conta da covid-19 - MANDEL NGAN/AFP

Faltando oito dias para o fim de seu mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu nesta terça-feira (12) que não será destituído e pediu calma em sua primeira aparição pública desde a invasão do Capitólio por seus apoiadores, que deixou cinco mortos e chocou o país.

"A 25ª Emenda representa risco zero para mim", disse Trump no Álamo, no Texas, aludindo à pressão dos democratas sobre o vice-presidente Mike Pence para que o removam do poder com o apoio do gabinete presidencial por inaptidão.

"Agora é a hora de nossa nação se recuperar e é hora de paz e calma", acrescentou o presidente republicano, em um discurso que contrastou com o discurso virulento que proferiu em 6 de janeiro diante de seus apoiadores pouco antes do assalto ao Capitólio.

Mais isolado do que nunca em seu próprio partido, Trump pode se tornar o primeiro presidente americano a enfrentar um julgamento de impeachment duas vezes. A Câmara dos Deputados analisará na quarta-feira (13) a denúncia de "incitamento à violência contra o governo", cuja votação é esperada para o mesmo dia.

Saindo de Washington pela manhã, Trump denunciou este procedimento iniciado pelos democratas, chamando-o de "totalmente ridículo" e afirmando que gerou "imensa raiva" em todos os Estados Unidos.

Trump se recusou a reconhecer qualquer responsabilidade pelo ataque, garantindo que seu discurso era "totalmente adequado" e denunciando o "erro catastrófico" de redes sociais, como Twitter e Facebook, que suspenderam sua conta acusando-o de incitar à violência.

Trump se encontrou na segunda-feira com Pence, que aparentemente decidiu rejeitar os pedidos para destituir o presidente do cargo.

No Texas, Trump celebrou o muro da fronteira com o México. "Cumpri minhas promessas", afirmou, aludindo à barreira de 725 quilômetros (450 milhas) erguida na fronteira comum de 3.200 quilômetros.

No entanto, o muro "grande, magnífico" prometido por Trump em 2016 não foi concluído. Do total, apenas cerca de 20 km foram construídos em áreas onde antes não havia barreira física. O restante corresponde a melhorias ou reforços de barreiras existentes. E o México nunca pagou pelo muro, como Trump havia prometido.

O presidente dos Estados Unidos aproveitou para elogiar seu homólogo mexicano, o "grande cavalheiro" Andrés Manuel López Obrador. "Quero agradecer sua amizade e sua relação de trabalho profissional", afirmou, destacando seu apoio ao controle da fronteira comum.

Segundo "impeachment" 

Com o apoio de um grande número de democratas e o possível apoio dos republicanos, espera-se que o impeachment contra Trump seja aprovado facilmente na Câmara dos Representantes (deputados).

Trump já havia sido submetido a um julgamento de impeachment, quando foi acusado em dezembro de 2019 de pressionar o presidente ucraniano para investigar um suposto caso de corrupção de Joe Biden, atual presidente eleito e que então aparecia como seu principal rival nas eleições. Trump foi finalmente absolvido pelo Senado de maioria republicana.

Resta saber o andamento e o desfecho do julgamento que terá de ser realizado no Senado, atualmente com maioria republicana.

Os democratas assumirão o controle da Câmara Alta em 20 de janeiro, mas precisarão do apoio de muitos republicanos para obter a maioria de dois terços necessária para condenar o presidente.

Um impeachment de Trump também correria o risco de prejudicar a ação legislativa dos democratas no início da presidência de Biden, ao monopolizar as sessões do Senado.

Ao mesmo tempo, os democratas querem aprovar uma resolução nesta terça à noite pedindo ao vice-presidente Pence que remova o presidente do cargo.

Até que Trump seja destituído do poder, a "cumplicidade" dos republicanos com o mandatário "colocará em perigo os Estados Unidos", advertiu na segunda-feira a presidente democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.

Biden fará o juramento em meio a um grande dispositivo de segurança em 20 de janeiro na escadaria do Capitólio, a sede do Congresso dos Estados Unidos.

Criticado pelo atraso no envio da Guarda Nacional na última quarta-feira, o Pentágono autorizou o envio de 15 mil soldados para a cerimônia de inauguração.

"Não tenho medo", disse Biden na segunda-feira sobre os riscos de novas manifestações pró-Trump. O presidente eleito pediu o julgamento de todos os envolvidos nos atos de "insurreição" na última quarta-feira.

Biden tem grandes desafios pela frente: ele enfrentará uma pandemia galopante de covid-19, um programa caótico de vacinação, uma economia instável e agora o rescaldo de violenta oposição política de grande parte da enorme base eleitoral de Trump.

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