O Reino Unido anunciou nesta quinta-feira (14) a suspensão de todas as viagens da América do Sul e de Portugal, devido a uma nova cepa do novo coronavírus, um fenômeno que se estende por todo o planeta e que motivou uma reunião de urgência da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A nova cepa da covid-19 que surgiu no Amazonas já foi detectada no Japão. E em outros 70 países surgiram variantes do novo coronavírus, que inicialmente apareceram no Reino Unido e na África do Sul.
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Todas estas novas cepas têm como característica comum a rapidez do contágio. Seu impacto nas vacinas que estão sendo aplicadas em dezenas de países ainda é uma incógnita, embora especialistas acreditem que a princípio não deveriam afetar drasticamente sua capacidade de prevenção.
As chegadas de Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, assim como de Portugal, estarão proibidas a partir da sexta-feira "às 4h (locais, 01h de Brasília) a partir da evidência de uma nova variante no Brasil", explicou o governo britânico.
Esta nova variante já provocou o colapso dos hospitais no estado do Amazonas, que decretou toque de recolher.
Em Manaus, capital amazonense, "acabou o oxigênio e algumas unidades de saúde viraram uma espécie de câmara de asfixia", descreveu, em declarações à AFP, Jessem Orellana, da Fiocruz-Amazônia, uma instituição de pesquisa científica.
"Estamos no momento mais crítico da pandemia", disse o governador do Amazonas, Wilson Lima.
A região amazônica "produz quantidades significativas de oxigênio, mas hoje o nosso povo precisa de oxigênio e solidariedade", acrescentou, destacando que vários pacientes serão levados a outros estados.
O Brasil é o segundo país mais afetado pela pandemia, com mais de 205.000 óbitos, um balanço superado apenas pelos Estados Unidos.
A variante do Amazonas é "muito provavelmente" mais contagiosa, confirmou à AFP o pesquisador Felipe Naveca, do instituto brasileiro Leônidas.
As novas cepas do vírus cruzam as fronteiras de forma desconhecida e descontrolada. No Chile, foi detectada a variante britânica de covid-19 em 18 casos. Os contágios aumentaram 36% no país, onde as autoridades instauraram novas quarentenas em comunas do sul.
As autoridades cubanas, por sua vez, impuseram desde esta quinta-feira o fechamento de escolas, bares e restaurantes em Havana, após suspender um toque de recolher noturno anunciado horas antes por veículos oficiais.
Em pleno inverno, a Europa vive cifras de contágio e de mortalidade que em alguns países superam amplamente as da primeira onda da pandemia, a ponto de alcançar os dois milhões de mortes em todo o mundo.
A França anunciou que exigirá testes negativos para a covid-19 a todos os viajantes de fora da União Europeia e imporá um toque de recolher nacional às 18h locais (14h de Brasília).
A chanceler alemã, Angela Merkel, também defendeu um endurecimento drástico das restrições, diante de um aumento alarmante das cifras.
Nas últimas 24 horas, foram registrados 25.000 novos casos e 1.244 mortes na Alemanha, uma cifra recorde desde o início da pandemia no país.
A Suécia superou os dez mil mortos e 132 óbitos ocorreram nas últimas 24 horas.
Em Genebra, a OMS iniciou uma reunião especial de seu comitê de emergências, com dois temas sobre a mesa: as mutações do vírus e um possível uso de certificados de vacinação e de testes para os deslocamentos internacionais.
A organização, cujo papel de alerta e prevenção foi seriamente posto em dúvida com a eclosão da crise na China, pôde, após meses de negociações mandar uma equipe de pesquisadores para a cidade onde surgiu a pandemia, Wuhan. A equipe chegou nesta quinta e deverá fazer uma quarentena de duas semanas.
O gigante asiático presumiu durante meses ter eliminado as mortes de forma oficial. Mas nesta quinta, registrou a primeira morte por covid-19 desde maio passado. O óbito ocorreu na província de Hebei, vizinha a Pequim, onde as autoridades confinaram nestes dias milhões de pessoas de diferentes cidades após o aparecimento de novos surtos.
As autoridades sanitárias chinesas anunciaram 138 novos casos em 24 horas, o mais alto balanço diário desde março passado.
Em um ambiente internacional sombrio, com trocas de acusações constantes, os criadores da vacina russa contra o novo coronavírus, a Sputnik V, afirmaram nesta quinta-feira que o Twitter havia restringido o acesso à conta oficial que esta vacina mantém na rede social americana, embora mais tarde tenha sido restabelecido.
"O Twitter restabeleceu o acesso à conta @sputnikvaccine e explicou que a conta tinha sido restrita por uma possível violação de segurança procedente da Virgínia, nos Estados Unidos", informou o Fundo Soberano Russo (RDIF) em um comunicado.
Outros países, ao contrário, exibem dados esperançosos.
Israel superou nesta quinta a cifra dos dois milhões de pessoas vacinadas com a primeira dose do imunizante contra a covid-19, realizando um ato em uma cidade do centro do país no qual uma cuidadora de crianças recebeu a injeção na presença do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
"Eu sou a número dois milhões", dizia um cartaz nas mãos da israelense que recebeu a primeira dose nesta quinta-feira na cidade de Ramla, perto de Tel Aviv.