PANDEMIA

Reino Unido registra recorde de mortes por covid-19; Europa intensifica contenção

Dois milhões de pessoas já perderam a vida para a covid-19, 91.470 delas no Reino Unido

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AFP

Publicado em 19/01/2021 às 17:55
Metáfora visa reforçar a importância de se utilizar múltiplas proteções para dificultar propagação dO vírus - VLADIMIR ZIVOJINOVIC / AFP

O Reino Unido registrou seu recorde de mortes diárias por covid-19 nesta terça-feira (19), mostrando que a pandemia continua a causar estragos à medida que as campanhas de vacinação se aceleram em todo o mundo e as medidas para impedi-la são reforçadas, especialmente na Europa.

>> OMS: Tedros Adhanom cita 'catástrofe moral' por desigualdades na distribuição de vacinas da covid-19

Um total de 1.610 mortes em 24 horas no Reino Unido, onde foi registrada uma mutação do vírus, se somam aos fatídicos balanços da pandemia, que já matou mais de dois milhões de pessoas no mundo, das quais 91.470 neste país europeu.

Poucas horas antes da chegada de Joe Biden à Casa Branca, os Estados Unidos são o país mais atingido pela covid-19, com 24 milhões de casos e cerca de 400.000 mortes, das quais 21.000 nos últimos sete dias.

A campanha de vacinação iniciada em dezembro nos Estados Unidos, avança mais lentamente do que o esperado. Apenas 10 milhões de pessoas receberam a primeira dose, bem abaixo das 20 milhões previstos até o final desse mês.

Biden, que sucederá Donald Trump nesta quarta-feira, prometeu acelerar para chegar a 100 milhões de vacinações no 100º dia de sua Presidência. "Podemos conseguir isso. A saúde do país está em jogo!", declarou.

O 46º presidente dos Estados Unidos anunciou que vai adotar, no seu primeiro dia, um decreto que tornará obrigatório o uso de máscara em instalações e espaços dependentes do Estado federal, assim como nos deslocamentos entre estados, algo que Trump sempre se recusou a fazer.

As diferentes estratégias entre os dois foram trazidas à tona na segunda-feira, quando o presidente cessante anunciou a readmissão de cidadãos europeus e brasileiros a partir de 26 de janeiro, mas foi imediatamente contestado pela porta-voz do presidente eleito.

"Este não é o momento de suspender as restrições às viagens internacionais", disse Jen Psaki, que será o porta-voz do novo presidente Biden, no Twitter.

"Fracasso moral"

Enquanto a luta contra o vírus continua, um relatório de especialistas independentes acusou na terça-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a China de não terem adotado medidas de saúde pública mais fortes em janeiro de 2020, no início da pandemia.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse, por sua vez, que o mundo terá um "fracasso moral catastrófico", se os países ricos monopolizarem as vacinas em detrimento dos países pobres.

A Comissão Europeia planeja vacinar 70% da população adulta antes do final do verão boreal na União Europeia (UE), onde em alguns países como a Alemanha as medidas para conter o vírus são mais rígidas.

Diante do novo surto da pandemia, a Disneylândia em Paris, maior atração turística da Europa, adiou sua reabertura para 2 de abril, sete semanas depois do que o inicialmente planejado.

Até agora, de acordo com uma contagem da AFP, pelo menos 60 países, ou territórios, que representam 61% da população do planeta, começaram a imunizar seus habitantes. Destes, 11 países respondem pela grande maioria das pessoas vacinadas.

O Brasil, um dos mais atingidos e que acumula cerca de 210 mil mortes - número abaixo da realidade, segundo especialistas - lançou sua campanha nacional de vacinação na segunda-feira, dois dias antes do previsto por pressão dos governadores dos estados.

O desafio logístico é imenso neste país de 210 milhões de habitantes e de dimensões continentais, onde são administradas duas vacinas: a chinesa CoronaVac e a britânica da AstraZeneca/Oxford.

O lançamento da campanha no Brasil ocorre em um momento em que a América Latina e o Caribe ultrapassaram 550 mil mortes em decorrência do novo coronavírus. A região é a segunda mais atingida em número de mortes atrás da Europa, com mais de 665.000 óbitos.

Entre os mais de 17 milhões de infectados na América Latina está o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, que nesta terça-feira se disse "muito bem" e recebeu plantas medicinais de todo o país.

A Rússia iniciou esta semana uma campanha de vacinação em massa na esperança de conter o coronavírus sem reintroduzir novas ordens de confinamento. Na semana passada, o presidente Vladimir Putin ordenou que toda população (146 milhões de pessoas) tenha acesso à vacina nacional Sputnik V.

A Argentina iniciou nesta terça-feira a aplicação da segunda dose da vacina russa, após receber no sábado 300 mil unidades do injetável do laboratório russo Gamaleya.

Outra variante contagiosa

A nova variante do coronavírus identificada na África do Sul, e agora predominante no país, não é mais letal, mas 1,5 vez mais contagiosa, informou na segunda-feira um painel de especialistas sul-africanos.

A África do Sul é o país africano mais atingido pela pandemia, com 37.000 mortes em uma população de 58 milhões.

Na China, a cidade de Shijiazhuang está construindo rapidamente um grande centro de quarentena, com capacidade para mais de 4.000 pessoas, para impedir o surto de covid-19 nessa cidade no norte do país.

Até agora, a China conseguiu controlar o vírus em grande medida, mas uma série de pequenos surtos localizados levou as autoridades a solicitarem testes em massa e a adotarem confinamentos estritos.

As imagens da construção deste centro lembram as da rápida construção de um grande hospital no início de 2020 em Wuhan, onde surgiu a epidemia.

No campo esportivo, as dúvidas sobre a comemoração do Aberto da Austrália aumentam, depois que dois tenistas testaram positivo para covid-19 nesta terça-feira. Chega a sete o número de pessoas infectadas relacionadas ao torneio.

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