tragédia

Quase 200 desaparecidos na Índia após queda de fragmento de geleira em rio

A grande correnteza atravessou o vale do rio Dhauliganga, destruindo tudo o que encontrou em seu caminho, de acordo com vídeos feitos por moradores da região aterrorizados

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AFP

Publicado em 07/02/2021 às 15:28 | Atualizado em 07/02/2021 às 15:32
Momento em que geleira cede na Índia - Reprodução

Quase 200 pessoas estavam desaparecidas no norte da Índia neste domingo depois que um enorme fragmento de uma geleira do Himalaia caiu em um rio, o que provocou uma forte torrente que inundou duas centrais elétricas e destruiu pontes e estradas.

Três corpos foram encontrados e uma operação de emergência teve início para tentar resgatar 17 pessoas que estão retidas em um túnel, informou o chefe de polícia do estado de Uttarakhand.

A grande correnteza atravessou o vale do rio Dhauliganga, destruindo tudo o que encontrou em seu caminho, de acordo com vídeos feitos por moradores da região aterrorizados.

"Subia uma nuvem de poeira à medida que a água avançava. O chão sacudia como em um terremoto", afirmou Om Agarwal, morador da região, a um canal de televisão.

A maioria dos desaparecidos são funcionários de duas centrais de energia elétrica devastadas pela correnteza, provocada pela queda de um fragmento gigantesco de geleira da encosta de uma montanha, informou o chefe de polícia, Ashok Kumar.

"Havia 50 trabalhadores na central de Rishi Ganga e não temos nenhuma informação sobre eles. Outros 150 trabalhadores estavam em Tapovan", completou.

"Quase 20 estão retidos em um túnel. Estamos tentando chegar até eles", disse.

Com a estrada principal completamente arrasada, o túnel ficou tomado por lama e pedras, o que obrigou as equipes de emergência a descer por uma ladeira com cordas para ter acesso ao local.

Centenas de funcionários das equipes de resgate, com o apoio de helicópteros e aviões, foram enviados à região.

As autoridades foram obrigadas a esvaziar as represas para deter a inundação, cujas águas chegaram ao Ganges. Os moradores foram proibidos de se aproximar das margens do rio sagrado.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, informou que está monitorando a operação de resgate.

"A Índia apoia a população de Uttarakhand e a nação inteira reza pela segurança de todos nesta região", escreveu no no Twitter.

Quatorze geleiras estão sobre o rio no Parque Nacional Nanda Devi, objeto de estudos científicos por causa dos crescentes temores a respeito da mudança climática e do desmatamento.

"As avalanches são fenômenos comuns na bacia hidrográfica", afirmou à AFP M.P.S. Bisht, diretor do Uttarakhand Space Application Centre.

As inundações devastadoras provocadas pelas monções em Uttarakhand em 2013 deixaram mais de 6.000 mortos, o que provocou uma revisão dos planos de desenvolvimento no estado, em particular em áreas isoladas como as próximas à represa Rishi Ganga.

Uma Bharti, ex-ministra de Recursos Hídricos, afirmou que quando integrava o governo havia solicitado a paralisação dos projetos hidrelétricos em zonas "sensíveis" do Himalaia, como o Ganges e seus afluentes.

Vimlendhu Jha, fundador da ONG ecologista Swechha, afirmou que o desastre é uma "recordação sombria" dos efeitos da mudança climática e do "desenvolvimento aleatório de estradas, ferrovias e centrais elétricas em zonas ecologicamente sensíveis".

"Os ativistas e os habitantes são constantemente contrários aos grandes projetos no vale do rio", disse.

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