Mais de 160 mil pessoas morreram no ano passado vítimas da poluição nas cinco cidades mais populosas do planeta, incluindo São Paulo e a Cidade do México, apesar da qualidade do ar ter melhorado em algumas regiões pelo confinamento, anunciou nesta quinta-feira (18) a ONG Greenpeace.
A capital mais afetada pela poluição foi Nova Délhi, onde os cálculos apontam que quase 54 mil pessoas morreram devido à toxicidade das partículas PM2.5 suspensas no ar, afirma o relatório do Greenpeace do sudeste asiático.
Em Tóquio, o documento calcula 40.000 mortes. Os demais óbitos aconteceram em Xangai, São Paulo e Cidade do México, segundo o relatório, que analisa o impacto das partículas microscópicas PM2.5, produzidas com a queima de combustíveis fósseis.
"Quando os governos escolhem o carvão, o petróleo e o gás, ao invés de energias limpas, a nossa saúde paga o preço", afirmou Avinash Chanchal, ativista do clima do Greenpeace Índia.
As partículas PM2.5 são consideradas as mais prejudiciais para a saúde. Afetam o coração e os pulmões e aumentam as probabilidades de ataques de asma.
Alguns estudos vincularam a exposição às PM2.5 a um risco mais elevado de morrer de covid-19.
O relatório utilizou uma ferramenta on-line que calcula o impacto das PM 2.5 ao obter os dados sobre a qualidade do ar do site de monitoramento IQAir. As informações são combinadas com modelos de risco científicos, além de dados sobre a população e a saúde.
A ferramenta é o resultado da colaboração entre Greenpeace, IQAir e o Centro para a Pesquisa sobre Energia e Ar Limpo.
Apesar do elevado número de mortes, o confinamento imposto em todo o mundo pela pandemia de covid-19 - que deixou as ruas sem trânsito e fechou indústrias poluentes - limpou temporariamente os céus das grandes cidades.
De fato, Nova Délhi se transformou durante o confinamento no ano passado. Os moradores conseguiram observar o céu azul e respirar ar limpo.
Os cientistas afirmam que as quedas expressivas de alguns poluentes devido ao confinamento evitaram mortes.
O Greenpeace, no entanto, faz um apelo para que os governos incluam as energias renováveis no centro dos projetos de recuperação econômica após a crise provocada pela covid-19.
"Para limpar o ar, os governos devem parar de construir novas fábricas de carvão, fechar as existentes e investir em uma nova geração de energia limpa, como a eólica e a solar", afirmou o cientista Aidan Farrow, especialista em poluição do ar do Greenpeace.
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