A dois dias do Natal, a variante ômicron do coronavírus, altamente contagiosa, se espalha rapidamente pela Europa, onde o Reino Unido bateu recorde com 106.000 casos de covid-19 em 24 horas e a Espanha voltou a obrigar o uso de máscaras ao ar livre.
Diante deste recrudescimento de casos, a Espanha, que também registrou nesta quarta-feira (22) um recorde de 60.041 casos de covid-19 nas últimas 24 horas (metade deles por ômicron), decidiu que, a partir desta quinta, o uso de máscaras ao ar livre voltará a ser obrigatório.
"A máscara provou nos últimos meses ser uma ferramenta eficiente na prevenção", afirmou o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez.
O Reino Unido, que nesta quarta-feira superou pela primeira vez a marca de 100.000 novos casos diários de covid (106.122, mais da metade por ômicron), aprovou o uso da vacina anticovid do laboratório Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, que receberam uma dose menos forte do imunizante.
A França iniciou nesta quarta-feira a campanha de vacinação para crianças desta mesma faixa etária, uma medida que também será implementada por Bélgica, Dinamarca, Áustria, Grécia e Portugal.
A onda de contágios provocada pela variante ômicron avança com rapidez na França, onde de 20% a 30% dos casos positivos de covid-19 correspondem a esta cepa contagiosa, contra 10% no fim de semana passado, informou o governo.
"A ômicron está se tornando, ou já se tornou, dominante em vários países, incluindo Dinamarca, Portugal e Reino Unido, onde os números dobram a cada dia e meio a três dias, com taxas de transmissão inéditas", afirmou o doutor Hans Kluge, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa.
A Bélgica anunciou nesta quarta-feira o fechamento de cinemas e salas de espetáculo, enquanto bares e restaurantes poderão ficar abertos até as 23h00.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou contra a ilusão de que a administração de doses de reforço seria suficiente para acabar com a pandemia de covid-19.
"Isso poderia até prolongar a pandemia ao invés de acabar com ela, ao desviar as doses disponíveis para países com altas taxas de vacinação, dando ao vírus mais possibilidades de se propagar e sofrer mutações", analisou.
Pílula anticovid
A variante ômicron já é dominante também nos Estados Unidos, mas o presidente Joe Biden afirmou que o país está "preparado" para enfrentar os contágios e não há motivo para alarme.
Ao mesmo tempo, Biden advertiu que os que não estão vacinados "têm boas razões para estar preocupados".
A Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) autorizou nesta quarta-feira o uso da pílula contra a covid-19 da Pfizer, um passo importante na luta contra a pandemia, já que milhões de pessoas mais poderão ter acesso ao tratamento.
O medicamento da Pfizer, batizado de Paxlovid, é uma combinação de dois medicamentos - nirmatrelvir, um medicamento experimental, e ritonavir, um antiviral. Consiste na ingestão de 30 comprimidos em um período de cinco dias.
Um ensaio clínico mostrou, segundo a empresa, que é seguro e reduz em 88% o risco de hospitalizações e mortes entre pessoas do grupo de risco.
Na Turquia, a vacina Turkovac recebeu uma autorização de emergência, anunciou o ministro da Saúde.
Na China, os 13 milhões de habitantes da cidade de Xi'an, norte do país, foram confinados para conter um pequeno foco de coronavírus, seguindo a política de "zero covid" de Pequim.
Os habitantes desta metrópole, conhecida pelos "Guerreiros de Terracota" devem "permanecer em suas casas, exceto por alguma razão imperativa", afirmaram as autoridades em um comunicado. Apenas uma pessoa por casa está autorizada a sair para fazer compras "a cada dois dias".
As autoridades já haviam anunciado que os moradores de Xi'an precisavam obter uma permissão oficial para viajar de trem e sair da cidade.
Em Israel, o primeiro-ministro Naftali Bennett anunciou na terça-feira que todos os israelenses com mais de 60 anos e os profissionais de saúde terão o direito à quarta dose da vacina contra a covid-19.
O país luta para conter a propagação da variante ômicron com proibições de viagens e outras restrições, mas sem ordenar um confinamento.
O mundo registrou 5.368.777 mortes por covid-19 desde o final de 2019, segundo um balanço estabelecido pela AFP com base em fontes oficiais nesta quarta-feira.
A região da Europa é a que registra mais casos atualmente, com 2.870.947 nos últimos sete dias (60% do total mundial), seguida por Estados Unidos/Canada (1.108.580 casos, 23%).