O julgamento dos ataques jihadistas em Paris, que deixaram 130 mortos em novembro de 2015, vive uma etapa-chave nesta quarta-feira (9), com o interrogatório do principal réu, Salah Abdeslam, que permaneceu em silêncio durante a instrução.
Este primeiro interrogatório do único integrante vivo dos comandos que atacaram Paris e seus arredores busca esclarecer como este francês de 32 anos, fã e cassinos e boates que tinha fama de "festeiro", radicalizou-se.
As principais questões em torno do ataque - qual era a missão exata de Abdeslam? Ele desistiu de ativar seu cinturão de explosivos? - ainda terão de esperar, já que o interrogatório se concentra no período que antecede setembro de 2015.
Salah Abdeslam também poderá responder a perguntas sobre a estada na Síria, no início de 2015, de seu irmão Brahim - que participou do ataque a áreas externas de Paris -, e sobre seu amigo Abdelhamid Abaaoud, que coordenou os atentados.
O tribunal também tentará esclarecer os motivos de uma misteriosa viagem que ele fez à Grécia, com outro dos réus.
Os sobreviventes dos ataques do lado de fora do Stade de France, ao norte de Paris, nos cafés da capital e na sala de shows Bataclan ainda esperam respostas, e o interrogatório de Abdeslam representa é um momento-chave.
Salah Abdeslam permaneceu praticamente em silêncio durante os cinco anos de investigação: falou uma vez para inocentar outro acusado e, em outra ocasião, para lançar uma diatribe religiosa. E deixou sua posição clara, já no início do processo.
Em 8 de setembro, na abertura do julgamento, apresentou-se como "combatente" do grupo jihadista Estado Islâmico (EI). Mais tarde, considerou que o atentado foi "inevitável", devido às intervenções militares da França na Síria, lançando, ainda assim, um apelo pelo "diálogo" para evitar novos ataques.
O interrogatório de Abdeslam está previsto para durar dois dias. Para esta quarta-feira, também foi agendado o testemunho de três pessoas próximas: sua mãe, sua irmã e sua ex-namorada.