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GUERRA: UCRÂNIA RETOMA KHERSON, cidade invadida pela RÚSSIA

Exército ucraniano entrou em Kherson após quase nove meses de ocupação russa

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Lucas Moraes

Publicado em 11/11/2022 às 18:16
Soldados russos em solo ucraniano após invasão - Yuriy Dyachyshyn / AFP

AFP

As tropas ucranianas reconquistaram, nesta quarta-feira (11), a cidade de Kherson, no sul do país, e reivindicaram uma "importante vitória" contra a Rússia, que retirou suas forças da única região que havia ocupado em quase nove meses de combates.

"Kherson retorna ao controle da Ucrânia, unidades das forças armadas ucranianas entraram na cidade", anunciou o Ministério da Defesa ucraniano no Facebook, pedindo que os militares russos "se rendam imediatamente".

Para Kiev, essa retomada é uma "vitória importante" e mostra que "não importa o que a Rússia faça, a Ucrânia vencerá" a guerra, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no Twitter.

Kuleba divulgou um vídeo que mostra moradores da cidade de Bilozerka, a poucos quilômetros da cidade de Kherson, arrancando um enorme painel que dizia "A Rússia estará aqui para sempre".

"Kherson é a Ucrânia!", comemorou Vitali Klitschko, prefeito de Kiev, capital do país.

Sergei, um funcionário do setor de informática de 26 anos, disse à AFP que chorou de alegria após o anúncio.

Isak Danilovich, um matemático, afirmou que a retirada russa representou "um duro golpe para [o presidente russo Vladimir] Putin".

A retirada das tropas russas, a terceira desde o início da invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, é vista como um grave revés para Putin, que proclamou no final de setembro a anexação de quatro regiões ucranianas, incluindo Kherson (sul).

Putin prometeu defender "por todos os meios" essas regiões, ameaçando nas entrelinhas recorrer a armas nucleares.

 

- "Não pode haver mudança" -

Mas diante da contraofensiva ucraniana lançada no final do verão, o exército russo anunciou na quarta-feira que estava deixando a parte norte da região de Kherson, incluindo sua capital de mesmo nome, para consolidar posições do outro lado do rio Dnieper.

O Ministério da Defesa da Rússia indicou na sexta-feira que "mais de 30.000 soldados russos e cerca de 5.000 peças de armamento e veículos militares foram retirados" da margem oeste do Dnieper, onde Kherson está localizada.

O Kremlin assegurou que, apesar da retirada, a Rússia continua considerando que toda a zona sul pertence ao país.

A região de Kherson "é uma questão da Federação da Rússia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Não pode haver nenhuma mudança", acrescentou ele, no primeiro comentário da Presidência sobre a retirada anunciada na quarta.

Logo após o início da guerra, a Rússia falhou em sua tentativa de tomar Kiev e, em setembro, teve que abandonar quase toda a região de Kharkiv (nordeste).

Em setembro, Putin ordenou a mobilização de 300.000 reservistas para recuperar a iniciativa no terreno.

A agência de notícias russa Ria Novosti divulgou imagens filmadas à noite de veículos militares russos deixando Kherson pela ponte Antonovski sobre o rio Dnieper.

Vários correspondentes russos relataram que a ponte foi destruída mais tarde, sem especificar quem o fez. Imagens publicadas nas redes sociais mostram a infraestrutura destruída.

A Ucrânia reivindicou na quinta-feira a recuperação de mais de 40 cidades no norte da região de Kherson.

O Estado-Maior ucraniano afirmou na manhã de hoje que sua ofensiva "continua" e que comunicará seus resultados "mais tarde".

- Resposta cínica -

A Rússia continuou bombardeando outras regiões da Ucrânia. Os ataques das últimas semanas destruíram grande parte da infraestrutura de energia de seu vizinho, deixando várias partes do país sem eletricidade, incluindo a capital Kiev.

Na noite de quinta-feira, pelo menos sete pessoas morreram em um ataque com mísseis a um prédio residencial na cidade de Mykolaiv, disseram autoridades regionais nesta sexta.

O chefe da administração regional, Vitalii Kim, denunciou no Telegram "uma resposta cínica do Estado terrorista aos nossos sucessos nas linhas de frente".

Uma jornalista da AFP viu o prédio destruído e equipes de resgate procurando vítimas sob os escombros.

Os combates também continuam na frente leste, especialmente em Bakhmut, cidade que Moscou tenta conquistar há meses, com o apoio do grupo paramilitar Wagner.

Cada vez mais isolado internacionalmente, Putin não participará da cúpula do G20 na Indonésia na próxima semana.

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