Da AFP
A Rússia está disposta a devolver à Ucrânia as crianças deportadas para o seu território, se as famílias solicitarem, garantiu, nesta terça-feira (4), a comissária russa para os direitos da infância, Maria Lvova-Belova, objeto de um mandado de prisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ).
As autoridades ucranianas acusam a Rússia de ter "sequestrado" mais de 16.000 crianças na Ucrânia desde o início da ofensiva, há mais de um ano. Moscou afirma que "salvou" essas crianças dos combates e que há procedimentos para reuni-las com suas famílias.
Em uma coletiva de imprensa nesta terça, Lvova-Belova afirmou que não foi contatada por "nenhum representante das autoridades ucranianas" sobre as crianças deportadas desde o início do conflito e convidou os pais a escreverem para ela.
"Escrevam-me [...] para encontrar seus filhos", disse.
Segundo uma informação de seu despacho publicado nesta terça, 16 menores de nove famílias foram devolvidos a seus familiares ucranianos desde 29 de março. Porém, a comissária reiterou sua negativa em publicar uma lista completa das crianças ucranianas deportadas para a Rússia.
CRIANÇAS UCRANIANAS ÓRFÃS
Segundo o relatório, 380 órfãos ucranianos estão em famílias de acolhimento na Rússia, incluindo 22 menores encontrados em Mariupol, a cidade do sul da Ucrânia devastada no ano passado após um cerco violento.
As crianças adotadas receberam nacionalidade russa, mas mantiveram a ucraniana.
Em março, a CIJ emitiu um mandado de prisão inédito contra o presidente russo Vladimir Putin e contra Lvova-Belova, acusando-os de "crime de guerra por deportação ilegal" de menores ucranianos.