Ao menos 40 pessoas morreram, neste sábado (7), em Israel em confrontos com milicianos palestinos do movimento Hamas, indicaram os serviços de emergência israelenses em um novo balanço.
"Desde a manhã, as equipes do Magen David Adom [equivalente à Cruz Vermelha] prestaram cuidados médicos a centenas de feridos, e certificaram a morte de 40 pessoas", indicaram estes serviços em comunicado, depois de reportarem anteriormente 22 mortes.
O Ministério da Saúde de Israel disse que pelo menos 779 pessoas ficaram feridas e foram levadas a hospitais.
"Estamos em guerra", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. "Esta não é uma operação simples (...). O inimigo pagará um preço sem precedentes", afirmou o presidente em uma mensagem de vídeo, na qual reconheceu que o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, lançou "um ataque criminoso surpresa".
Netanyahu disse ter ordenado "uma ampla mobilização" de reservistas.
O aumento da violência começou com uma onda de foguetes lançada de vários pontos da Faixa de Gaza a partir das 6h30 (00h30 no horário de Brasília) deste sábado. O braço armado do Hamas assumiu a responsabilidade pelo ataque e afirmou que milhares de projéteis foram lançados.
As forças israelenses responderam com ataques aéreos contra alvos do Hamas, e garantiram que também lutavam em terra, perto do enclave palestino, contra milicianos infiltrados de Gaza por terra, mar e ar.
"Houve um ataque combinado com a ajuda de parapentes", disse o porta-voz do Exército israelense, tenente-coronel Richard Hecht, aos repórteres, alertando que "algo grande" estava acontecendo.
ISRAEL ENTRA EM GUERRA APÓS ATAQUE SUPRESA DO HAMAS; VEJA IMAGENS
Pelo menos duas pessoas morreram em Israel, segundo as autoridades: uma mulher de 60 anos, no sul do país, e um representante israelense no nordeste da Faixa de Gaza em um tiroteio com milicianos infiltrados.
O Hamas também divulgou um vídeo mostrando três homens que teriam sido capturados por seus combatentes.
As forças armadas israelenses informaram o acionamento de sirenes no sul do país, enquanto a polícia pedia à população que permanecesse perto de abrigos antibombas.
Sirenes também foram ativadas em Jerusalém, segundo jornalistas da AFP, que viram foguetes sendo interceptados no céu logo após os alarmes soarem.
O braço armado do Hamas assumiu a responsabilidade pelo ataque com foguetes e afirmou que mais de 5.000 foguetes foram lançados.
"Decidimos pôr fim a todos os crimes da ocupação (israelense); o seu tempo de violência sem responsabilização acabou", declarou o grupo. "Anunciamos a operação Dilúvio Al Aqsa e disparamos, no primeiro ataque de 20 minutos, mais de 5.000 foguetes".
O Exército israelense informou o disparo de pelo menos 2.200 foguetes de Gaza até as 10h30, horário local (04h30 em Brasília).
Centenas de palestinos na Faixa de Gaza abandonaram as suas casas para se afastarem das zonas fronteiriças com Israel.
Homens, mulheres e crianças fugiram com cobertores e alimentos, a maioria deles da parte nordeste do enclave palestino, confirmou um jornalista da AFP.
REAÇÕES INTERNACIONAIS
A escalada da violência provocou inúmeras reações internacionais.
A Rússia apelou à calma e disse estar "em contato com todo mundo neste momento, com os israelenses, os palestinos e os árabes", segundo Mikhail Bogdanov, vice-ministro das Relações Exteriores e emissário do Kremlin para o Oriente Médio e a África.
A Turquia também instou israelenses e palestinos a "agirem de maneira razoável".
A União Europeia condenou "inequivocamente" os ataques "dos terroristas do Hamas" e manifestou a sua "solidariedade com Israel", que tem o "direito de se defender", afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
França, Reino Unido, Alemanha e Espanha condenaram os ataques do Hamas e tanto a Itália como a Ucrânia apoiaram o direito de Israel se defender.
Israel mantém um duro bloqueio contra a Faixa de Gaza, um território palestino empobrecido e sobrepovoado, desde que o Hamas assumiu o poder total em 2007.
Desde então, houve várias guerras devastadoras entre combatentes palestinos e forças israelenses. Os dois lados viveram tensões em setembro, quando Israel fechou a fronteira aos trabalhadores palestinos durante duas semanas.
O fechamento da fronteira foi criticado como uma punição coletiva que prejudicou milhares de trabalhadores palestinos, que podem ganhar mais dinheiro trabalhando em Israel do que em Gaza, onde o desemprego é muito alto.
A reabertura da fronteira aumentou as esperanças de uma melhoria na situação em Gaza, onde vivem 2,3 milhões de pessoas.
Em maio, uma troca de bombardeios aéreos e foguetes israelenses a partir de Gaza deixou 34 palestinos e um israelense mortos.
Brasil se solidariza
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, condenou os ataques a Israel. "Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas", escreveu Lula, em sua conta no X (antigo Twitter).
E complementou dizendo que "o Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU.
Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados", finalizou o presidente Lula.