GUERRA

Hamas alerta que ofensiva israelense em Rafah deixaria 'dezenas de milhares' de vítimas

Na madrugada deste sábado (10), várias testemunhas relataram bombardeios nos arredores da cidade, onde vivem 1,3 milhão de palestinos

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AFP

Publicado em 10/02/2024 às 14:10
Na madrugada deste sábado, várias testemunhas relataram bombardeios nos arredores da cidade de Rafah, onde vivem 1,3 milhão de palestinos
Na madrugada deste sábado, várias testemunhas relataram bombardeios nos arredores da cidade de Rafah, onde vivem 1,3 milhão de palestinos - SAID KHATIB / AFP

O Hamas alertou, neste sábado (10), que uma ofensiva terrestre israelense em Rafah poderá deixar "dezenas de milhares de mortos e feridos" nesta cidade do sul da Faixa de Gaza, último refúgio para os palestinos deslocados pela guerra no território.

Na madrugada deste sábado, várias testemunhas relataram bombardeios nos arredores da cidade, onde vivem 1,3 milhão de palestinos, ou seja, mais de metade da população total da Faixa de Gaza. A grande maioria são refugiados que fugiram dos combates em outras áreas do enclave.

Em um comunicado, o movimento islamista palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, alertou para o risco de "uma catástrofe e um massacre que poderia levar a dezenas de milhares de mártires e feridos".

Além disso, o grupo afirmou que responsabilizaria "a administração dos Estados Unidos, a comunidade internacional e a ocupação israelense" pelas consequências.

Anteriormente, o Ministério da Saúde do Hamas havia indicado que 110 mortes durante a noite. Também relatou "combates intensos" no hospital Nasser em Khan Yunis, no sul do território, onde uma pessoa morreu. Ainda há 300 funcionários, 450 feridos e 10 mil desalojados no local.

Na sexta-feira, as forças israelenses invadiram outro grande hospital da cidade, o Al Amal.

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Depois de passarem pela cidade de Gaza e por Khan Yunis, as forças israelenses preparariam agora uma operação terrestre em Rafah, na fronteira com o Egito.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu na sexta-feira aos militares que elaborem um "plano combinado" para a "evacuação" de civis de Rafah e a "destruição" do Hamas naquela cidade.

"É impossível alcançar o objetivo da guerra sem eliminar o Hamas e deixar quatro batalhões do Hamas em Rafah", disse o líder. Para isso, é necessário que "os civis evacuem as zonas de combate", acrescentou.

A população vive em meio à máxima incerteza.

Em Rafah, Adel al Hajj, um deslocado, disse que uma operação terrestre causaria "massacres". "Agora podemos dizer adeus a qualquer [demonstração de] humanidade", acrescentou.

Consequências catastróficas

"Forçar mais de um milhão de palestinos deslocados em Rafah a evacuar [a cidade] novamente sem encontrar um lugar seguro para onde ir seria ilegal e teria consequências catastróficas", disse Nadia Hardman, especialista em direitos de migrantes e refugiados da ONG Human Rights Watch.

A chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, disse na rede social X que uma ofensiva em Rafah desencadearia uma 'catástrofe humanitária anunciada". Outros países, como a Arábia Saudita, Jordânia e Espanha, também expressaram os seus receios, tal como as Nações Unidas.

Os Estados Unidos alertaram que não apoiariam uma operação "sem planejamento e sem reflexão" sobre o destino dos civis.

Em uma rara crítica a Israel desde o início da guerra, há quatro meses, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou "excessiva" a "resposta na Faixa de Gaza" ao ataque de 7 de outubro.

O conflito eclodiu naquele dia, quando milicianos islamistas mataram mais de 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma campanha incansável de bombardeios e operações terrestres contra Gaza, onde 28.064 pessoas morreram até agora, principalmente mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Na frente diplomática, um "novo ciclo de negociações", patrocinado pelo Egito e pelo Catar, e com a participação do Hamas, começou na quinta-feira no Cairo com o objetivo de obter "calma na Faixa de Gaza" e uma troca de reféns nas mãos do movimento islamista por prisioneiros palestinos em Israel, indicou um alto funcionário egípcio.

A delegação do Hamas deixou a cidade na sexta-feira após "negociações boas e positivas" com mediadores, disse uma fonte do grupo.

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