GUERRA

Hamas diz que seu líder, Ismail Haniyeh, morreu em um bombardeio de Israel no Irã

O guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, prometeu um "duro castigo" a Israel e afirmou que Teerã considera que é seu "dever buscar vingança"

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AFP

Publicado em 31/07/2024 às 19:19
Hamas diz que seu líder, Ismail Haniyeh, morreu em um bombardeio de Israel no Irã - ANWAR AMRO / AFP

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, morreu nesta quarta-feira (31) em Teerã em um bombardeio atribuído a Israel tanto pelo movimento islamista palestino como pelo Irã, que prometeram vingança, o que provoca o temor de que a guerra em Gaza se espalhe pelo Oriente Médio.

O guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, prometeu um "duro castigo" a Israel e afirmou que Teerã considera que é seu "dever buscar vingança".

O novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou em um comunicado que "os sionistas verão em breve as consequências do seu ato terrorista e covarde".

As políticas de Israel "chegaram a um beco sem saída", acrescentou.

Israel se recusou a comentar o ataque, ocorrido depois de o Exército israelense bombardear um subúrbio da capital do Líbano na terça-feira e matar o comandante militar do Hezbollah Fuad Shukr.

As mortes de ambos os líderes destes movimentos que se opõem a Israel alimentam receios de que a guerra em Gaza conduza a um conflito mais amplo no Oriente Médio.

O Hamas trava há mais de nove meses uma guerra contra Israel na Faixa de Gaza, um território que governa desde 2007, desencadeada pelo ataque sem precedentes de 7 de outubro de seus combatentes contra o sul do território israelense.

"O irmão, o líder, o mujahedin Ismail Haniyeh, líder do movimento, morreu em um ataque sionista contra sua residência em Teerã depois de comparecer à cerimônia de posse do novo presidente iraniano", afirmou o movimento palestino em um comunicado.

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Um membro do gabinete político do Hamas, Musa Abu Marzuk, declarou que "o assassinato do líder Ismail Haniyeh é um ato de covardia e não ficará impune".

Israel não fez comentários até o momento.

Haniyeh, de 61 anos e que vivia no exílio entre Turquia e Catar, estava no Irã para assistir à cerimônia de posse de Pezeshkian.

O Irã declarou três dias de luto oficial e na quinta-feira será realizada uma cerimônia funerária "oficial e pública" em Teerã, antes de trasladar o corpo do líder para a capital do Catar, Doha, onde será enterrado na sexta-feira, indicou o Hamas.

O Conselho de Segurança da ONU previa realizar, a pedido do Irã, uma reunião de urgência na tarde desta quarta.

Catar questiona mediação

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que os bombardeios em Beirute e Teerã constituem uma "escalada perigosa em um momento em que todos os esforços deveriam levar a um cessar-fogo em Gaza".

Muitos países, incluindo Turquia, China, Rússia, Catar e Brasil, condenaram a ação e alertaram para o risco de agravamento e propagação do conflito.

Em um comunicado, o Itamaraty repudiou "o flagrante desrespeito à soberania e à integridade territorial do Irã", considerando que os fatos "não contribuem para a busca por estabilidade e paz duradouras no Oriente Médio".

Já o Ministério Relações Exteriores do Catar, que abriga a liderança política do grupo palestino e é um país-chave nas negociações para um cessar-fogo entre Israel e Hamas, advertiu que o ataque "pode mergulhar a região no caos e minar as possibilidades de paz".

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, também expressaram preocupação com uma possível escalada, afirmando que os ataques "não ajudam" a reduzir a tensão, embora não prevejam uma conflagração "iminente", disse o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

O presidente da Autoridade Palestina e rival político do Hamas, Mahmud Abbas, também criticou o assassinato e pediu aos palestinos que permaneçam "unidos, mantenham a paciência e sigam firmes contra a ocupação israelense".

Considerado um político pragmático, Haniyeh mantinha boas relações com as diversas facções palestinas, até mesmo com seus rivais.

Centenas de pessoas protestaram contra a morte do líder islamista em Teerã, Amã, Rabat, Tunes, Istambul e nos campos de refugiados palestinos no Líbano.

Bombardeio contra o Hezbollah

A guerra em Gaza eclodiu no dia 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.197 pessoas no sul de Israel, em sua maioria civis, de acordo com um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses, e também sequestraram 251 pessoas.

O Exército israelense estima que 111 pessoas continuam no cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortas.

Em resposta, Israel lançou uma campanha militar que já matou pelo menos 39.445 pessoas em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.

Haniyeh, originário de uma família que fugiu para Gaza quando o Estado de Israel foi criado, se juntou ao Hamas no momento de sua fundação em 1987, coincidindo com a primeira intifada.

Ele foi primeiro-ministro da Autoridade Palestina em um governo de unidade antes da ruptura e assumiu a liderança política do movimento islamista em 2017.

As hostilidades dos grupos aliados do Hamas contra Israel aumentaram desde o início da guerra em Gaza.

O Exército israelense bombardeou na terça-feira um reduto do Hezbollah no sul de Beirute, causando a morte de Fuad Shukr, comandante militar do grupo libanês.

O Hezbollah confirmou nesta quarta-feira a morte do "grande líder combatente Fuad Shukr" e qualificou o bombardeio de "violento ataque" e um "grave crime".

Israel descreveu Shukr como o "braço direito" do chefe do grupo, Hassan Nasrallah, e responsabiliza o Hezbollah pelo ataque com um foguete contra um campo de futebol que matou 12 menores no sábado no planalto anexado das Colinas de Golã.

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